Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Morre Yves Bonnefoy, o mais célebre poeta francês contemporâneo

No Twitter, vários de seus admiradores do mundo inteiro saúdam sua memória, citando seus versos

O poeta francês Yves Bonnefoy, uma das grandes figuras da poesia contemporânea, ensaísta e prestigiado tradutor de Shakespeare e Petrarca, morreu na sexta-feira (2/7) aos 93 anos.

Poeta de uma imensa cultura, crítico de arte, autor, entre outros ensaios, de Goya, les peintures noires, Bonnefoy publicou mais de 100 livros de poesia e crítica literária e artística, traduzidos a mais de 30 idiomas.

Entre seus livros mais conhecidos figura sua primeira obra poética, Du mouvement et de l;immobilité de Douve, publicada em 1953, quando tinha 30 anos, sucesso imediato entre o público e a crítica na França.

Também se destacam as obras Les Planches courbes (2001), Pierre écrite (1965), Dans le leurre du ciel (1975) e L;Encore aveugle (1997).

Poeta de renome internacional, muito apreciado em Itália, Alemanha e Suíça e nos países de língua inglesa, Bonnefoy obteve o Grande Prêmio de Poesia da Academia Francesa em 1981, o Prêmio Goncourt de poesia (1987) e o prêmio mundial Cino del Duca (1995).

Ao longo de sua carreira, Bonnefoy foi declarado Doutor Honoris Causa de várias universidades estrangeiras e lecionou em Genebra e Estados Unidos.

De 1981 a 1993 teve ao seu cargo a cátedra de estudos comparados da função poética do prestigiado Coll;ge de France, instituição que informou sobre seu falecimento.

Yves Bonnefoy, autor de uma poesia grave e generosa, atenta à sonoridade, colocou no centro de sua obra o desgarramento da consciência contemporânea e a função que a poesia e a arte podem cumprir.

"Tudo o que nos cerca pode inspirar a poesia", costumava dizer o poeta.

"Fico triste em ver que nosso sistema educacional não dá à poesia o lugar que ela merece", dizia este homem discreto, cuja obra de crítica literária contribuiu muito aos estudos de literatura.

"A poesia intensifica a linguagem", disse em abril passado ao apresentar seu último livro, "L;Echarpe Rouge", uma viagem no tempo no coração de sua memória.

"Diante de mim está tudo, está o futuro da poesia", comentou na ocasião.

Yves Bonnefoy nasceu em 24 de junho de 1923 em Tours, centro da França, e era filho de um trabalhador ferroviário e de uma professora.

Em 1943 abandonou os estudos de matemática e se dedicou, em Paris, à história da filosofia e da ciência, sob a influência de Gaston Bachelard e Jean Hippolite.

No início de sua vida literária, Bonnefoy aderiu ao surrealismo, do qual se separou em 1947, quando começou a frequentar o movimento CoBrA (acrônimo de Copenhague, Bruxelas, Amsterdã, onde residiam a maioria dos fundadores).

Nessa época também conheceu o poeta Paul Celan e o pintor Victor Brauner.

Desde a publicação de "Du mouvement et de l;immobilité de Douve", livro à frente de sua época, marcado pela sobriedade e por uma busca interior, sua poesia foi saudada pela crítica.