Leonardo Sakamoto aprendeu algumas coisas em cada uma das inúmeras vezes que foi xingado e difamado na internet. Aprendeu que a qualidade do debate político brasileiro é muito ruim e que a falta de educação de mídia faz as pessoas acreditarem em qualquer conteúdo sem nem mesmo se dar ao trabalho de checar sua seriedade. Aprendeu que há uma dificuldade imensa em enxergar o outro como um ser humano quando se trata de agredir nas redes sociais. E que as plataformas têm algoritmos capazes de transformar sua rede de amigos em uma bolha raramente correspondente à realidade social.
Aprender sobre a rede e fazer uso dela ao mesmo tempo levou Sakamoto a escrever O que aprendi sendo xingado na internet, livro que lança hoje na Livraria Cultura em debate do qual participa, além do público, o deputado Jean Wyllys (PSOL/RJ).
Sakamoto, 39 anos, é jornalista com doutorado em ciência social, já cobriu guerras no Oriente Médio e na África, dirige a ONG Repórter Brasil e é consultor do Fundo das Nações Unidas para formas contemporâneas de escravidão. Também dá aulas no curso de jornalismo da PUC-SP. Suas colunas publicadas no UOL chegam a arrematar 500 mil curtidas quando postadas no Facebook.
Em O que aprendi sendo xingado na internet, ele reflete sobre o uso das redes sociais no cotidiano, especialmente quando se trata de ódio e desinformação. ;O livro é consequência desse tempo violento político e social que a gente tem vivido. É uma consequência dessa polarização extrema, dessa falta de diálogo. Pelo fato de escrever sobre direitos humanos diariamente e de atuar em outra frente, por meio da Repórter Brasil, acabo sendo vítima de ataques virtuais, de xingamentos, coisas mais graves, ameaças, campanhas de difamação, assédio, muitos que começaram on-line e acabaram por extrapolar para o lado de fora;, conta o autor, que já sofreu ameaça de morte e foi alvo de xingamentos em locais públicos.
O que aprendi sendo xingado na internet
De Leonardo Sakamoto. Leya, 160 páginas. R$ 29,90
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