Os bois Garantido e Caprichoso deram mais uma mostra da criatividade e da diversidade cultural dos povos da Amazônia na segunda noite do Festival Folclórico de Parintins, no Amazonas. O boi Garantido entrou na Arena do Bumbódromo às 20h desse sábado (25). O vermelho encantou os brincantes ao abordar a tradição e a fé da alma cabocla de Parintins, muito marcada pela religiosidade.
Um dos itens que é avaliado pelos jurados é a figura típica regional. O Garantido apresentou os Romeiros de Nossa Senhora do Carmo, que costumam participar todos os anos, no dia 16 de julho, da grande proscissão em homenagem à santa padroeira da cidade. A alegoria Romeiros da Fé reproduziu na arena duas imagens gigantes de Nossa Senhora de Nazaré e de Nossa Senhora do Carmo cercadas por anjos. A cantora amazonense Márcia Siqueira interpretou a canção Romaria, levando o público às lágrimas.
A mineira Gleice Kelly Ribeiro, que mora na Inglaterra, veio ao festival pela primeira vez. ;As músicas, Nossa Senhora do Carmo, Nossa Senhora Aparecida, foi muito emocionante. Sempre tive vontade de conhecer essa festa e hoje foi uma noite muito especial;.
O marido dela, que é de Parintins, Luís Pontes, é torcedor do Garantido e acredita na vitória do boi vermelho este ano. ;Depois de 12 anos, voltei para assistir o festival. Hoje o Garantido está fantástico. Provavelmente vai ser o campeão, como sempre. E a gente está muito feliz de estar aqui prestigiando a festa;.
Boi Caprichoso
A religiosidade também esteve presente na apresentação do boi Caprichoso, que começou pontualmente às 23h. O azul abordou na segunda noite do festival a temática ;Viva Nossa Floresta;. No item, figura típica regional, Nossa Senhora do Carmo também estava representada em uma grande escultura como parte da alegoria O Pescador. O boi azul ressaltou a importância do trabalho desse profissional e da pesca tradicional de subsistência, característica da região amazônica devido à dinâmica de enchentes e vazantes dos rios.
Valéria Moura, moradora de Manaus e torcedora do boi Caprichoso, é apaixonada pela forma que a cultura dos povos da amazônia é representada na arena. ;O que mais me emociona é a cultura popular, a cultura do povo parintinense. Cada item que passa aqui na arena é uma emoção diferente, não sei nem como explicar. Toda a vez que a gente vem para o bumbódromo, a gente fica emocionado, não tem como não ficar;.
O boi Caprichoso, na primeira noite do Festival de Parintins
;É um orgulho imenso estar aqui hoje vendo essa vitória do nosso boi. Se Deus quiser, é o bicampeonato. Estou cheio de felicidade. Esperei 10 anos para estar aqui hoje, curtindo e vivendo esse momento histórico do nosso boi bumbá Caprichoso;.
Os indígenas da Amazônia também foram representandos durante o Festival de Parintins. Ritual indígena é mais um item avaliado pelos jurados e costuma ser reproduzido pelos bois em grandes alegorias. O Garantido apresentou um ritual do povo indígena Kanamari, que até hoje mantém viva a prática do xamanismo, que envolve crenças, espiritualidade e até um pouco de magia. Já o Caprichoso representou, por meio da alegoria Monhagaripi, um ritual funerário indígena, contando a prática de se cultuar por vários dias, ou até meses, os mortos.
A segunda noite do Festival Folclórico de Parintins encerrou na madrugada, com o Caprichoso. E será o boi azul o responsável por abrir a última noite do evento neste domingo, às 20h, com a temática Viva Nossa Gente. O boi vermelho, o Garantido, fará o encerramento, abordando o Folclore Amazônico.