Este ano, o orçamento destinado à cultura no DF foi de R$ 159.806.621. O total corresponde a 0,38% do orçamento aprovado pela Câmara Legislativa para a cidade. É pouco para manter os 17 equipamentos culturais, mas é também um reflexo da situação nacional: raras vezes o Ministério da Cultura (MinC) chegou a atingir mais de 1% do orçamento federal. O resultado são museus às traças, teatros caindo aos pedaços e espaços culturais de portas fechadas. Cultura se cultiva com educação. Como esta última também sofre duros golpes no Brasil, a consequência é óbvia. No entanto, não se constrói identidade nem sociedade sem cultura. Ou até se constrói, mas o resultado costuma ser lamentável. Cultura é também um poderoso instrumento de inclusão social. E, num país como o Brasil, com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) tão deficiente, que o coloca em 75; lugar numa lista de 188 países, incluir jovens em situação de risco é vital. O Diversão diagnosticou a situação dos principais equipamentos da cidade e fez um mapa invertido: nem sempre as instituições prometidas aos turistas nos guias distribuídos pela cidade correspondem ao que prometem. Veja o estado dos locais que deveriam proteger o patrimônio cultural brasiliense:
O MAB, o Teatro Nacional e o Espaço Cultural Renato Russo estão fechados. Na UnB, o Teatro Helena Barcelos, projetado com uma tecnologia que permite um palco móvel, está interditado desde 2011. O Teatro da Faculdade Dulcina de Moraes oscila entre o fechamento e a revitalização. E, enquanto isso, a cultura perde espaço na cidade. A sociedade precisa se manifestar, destaca o multiartista Bené Fontelles, que se mostra desanimado ao constatar o desinteresse dos brasilienses na questão. ;A raiz disso é a educação;, desabafa. Enquanto isso, na Câmara Legislativa, nenhum dos 24 distritais apresentou qualquer projeto que vise a preservação desses espaços ligados à cultura, como reconhece o presidente da Comissão de Educação, Saúde e Cultura, deputado Reginaldo Veras (PDT). Veja abaixo o estado dos equipamentos culturais mais importantes de Brasília.
Teatro Nacional Claudio Santoro
A tradicional sala, um dos principais palcos e pontos de cultura da cidade, permanece fechada há mais de dois anos. O local foi interditado em 2014 e, desde então, artistas e produtores da cidade perderam o importante espaço que não encontra correspondente em iluminação, acústica e estrutura geral. O movimento Ocupa com arte, que acontece sempre no último sábado de cada mês, faz coro a outros atos e inciativas, na tentativa de manter firme a ideia de que o teatro precisa reabrir suas portas. O Teatro Nacional é um dos poucos locais em Brasília com estrutura para receber grandes espetáculos como óperas, balés e musicais e, com as portas fechadas, a cidade permanece mais distante do circuito nacional e internacional de produções culturais de grande porte. Negro Val, um dos criadores do movimento de ocupação do espaço afirma: ;São fatos recorrentes na atualidade, as ocupações de espaços estatais como forma de protesto e manifesto. O nosso movimento começou em fevereiro deste ano, com um abraço simbólico. O que seria apenas um momento, se transformou na necessidade de ocupar mensalmente aquele lugar, com atividades artísticas de forma a chamar atenção das pessoas para o teatro;.
MAB
Espaço Cultural Renato Russo
Centro de dança
Memorial dos Povos Indígenas
Teatro Dulcina de Moraes
Palco dos mais diversos estilos, gostos e gêneros, o Teatro do Dulcina já abrigou importantes nomes da cidade e há anos alunos, professores e produtores lutam pela reforma de sua estrutura precária. Coordenadora do projeto Dulcina Vive, Brunna Rosa conta que a atual movimentação cultural é resultado do esforço coletivo de artistas da cidade, que prezam por manter vivo o local.
Teatro Helena Barcelos
Localizado dentro do departamento de artes cênicas da Universidade de Brasília, o teatro Helena Barcelos, que foi projetado para ser um diferencial na cidade, com palco móvel e possibilidade de diversos arranjos de plateia, permanece interditado desde 2011. Chefe do departamento desde 2015, a professora Nitza Tnenblat afirma que a ausência de um espaço adequado prejudica a formação profissional dos artistas que se formam no departamento. A artista afirma que existia um projeto de profissionalização, para que alunos graduados pudessem entrar em temporada no semestre seguinte ao da formatura. ;A ideia do projeto era já colocar os artistas em contato com esse meio profissional. Além disso, a presença do nosso teatro amplia a comunicação e relação entre o meio acadêmico e a sociedade;, declara.