Um dos nomes mais importantes da arte contemporânea brasiliera, Tunga morreu nesta segunda (06/06), aos 64 anos, depois de uma batalha contra um câncer de garganta que se estendeu ao longo do último ano. O artista estava internado no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro, e o corpo deve ser enterrado no cemitério São João Batista, no jazigo da família.
Tunga era, na verdade, Antônio José de Barros de Carvalho e Mello Mourão. Pernambucano nascido em Palmares em 1952, foi para o Rio de Janeiro ainda criança e era filho do poeta Gerardo Mello Mourão. Além de ter sido o primeiro artista contemporâneo brasileiro a ter uma obra no Museu do Louvre, Tunga também foi a expressão de uma geração de artistas interessados em obras conceituais capazes de carregar uma infinidade de poéticas e significados.
Ele gostava de dizer que sua obra tem o peso do barroco, uma maneira de falar da enorme quantidade de camadas e simbologias presentes nas instalações, objetos, vídeos e performances. Em uma de suas obras mais famosas, Lezart (1989), Tunga construiu um emaranhado de fios de cobre que lembram cabelos e perpassam um pente gigante. Suas Xifópagas capilares eram meninas unidas pelo cabelo que não queriam se separar. A performance data de 1984, década na qual o artista também começou a experimentar obras em vídeo. Para essas, ele realizou trabalhos em parceria com Arthur Omar, Erik Rocha e Arnaldo Antunes.
Em Inhotim, Tunga ganhou um pavilhão no qual suas obras ficam constantemente expostas. Estão lá True rouge, resultado de uma performance com homens e mulheres nus, e Lezart. Extremamente conceitual, cheia de simbolismos e até de narrativas curiosas, a obra de Tunga se inscreve numa corrente que tem nomes como Waltércio Caldas e Cildo Meireles. Com eles, o artista foi pioneiro em levar o nome da arte contemporânea brasileira para o exterior e chegou a expor em grandes eventos como Documenta e Kassel e Bienal de Veneza.