Mais de 470 mil pessoas passaram pelo Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) entre fevereiro e abril de 2014 para conferir a obsessão por bolinhas da japonesa Yayoi Kusama. No ano passado, um total de 329.446 visitantes se espantaram diante dos seres híbridos de Patricia Piccinini. No último dia de Mestres do Renascimento, na primeira semana de janeiro de 2014, a fila para conferir as obras de Rafael e Veronese pela última vez era tão longa que muita gente desistiu. Na Caixa Cultural, as esculturas de Salvador Dalí foram vistas por mais de 45 mil pessoas em 2014. A expectativa é que Frida Kahlo ; conexões entre mulheres surrealistas no México seja visitada por cerca de 100 mil pessoas durante os 45 dias em que fica em cartaz. Ter o patrocinio de uma instituição ajuda a engrossar as filas ; embora não seja o suficiente. Em qualquer galeria ou museu brasiliense, seria inevitável esperar uma hora antes de conseguir ver Frida Kahlo.
Como se explica o sucesso de público dessas exposições? O nome de uma artista contemporânea japonesa é suficiente para atrair quase meio milhão de pessoas em uma cidade pobre em museus e com praticamente nenhuma exposição permanente? O mesmo Portinari que cativou mais de 100 mil pessoas na exposição Guerra e paz, em São Paulo, seria capaz de atrair público semelhante em Brasília? Há pelo menos 13 painéis do mestre brasileiro no acervo do Banco Central.
Redes sociais
Para Pieter Tjabbes, um dos responsáveis por O mundo mágico de Escher, recorde internacional de público em 2012, com mais de 900 mil visitantes, a divulgação é item importante na popularidade desse tipo de exposição. Boa parte dos visitantes pode não ter ideia de quem é o artista, mas a circulação de imagens nas redes sociais, estimulada por estratégias interativas na montagem das obras, ajuda muito. E, claro, a assinatura de uma instituição completa o serviço.
Segundo Tjabbes, responsável também pela curadoria de Mondrian e o movimento De Stijl, em cartaz no CCBB, a interação incentiva a publicação de imagens nas redes sociais e atrai o público. ;Existem várias formas de apresentar um projeto. No caso do Mondrian, usamos uma divulgação que as próprias pessoas fazem ao visitar o museu. Temos brincadeiras interativas, é uma forma de alcançar novos públicos. Utilizamos isso pela primeira vez na exposição do Escher. Naquela época, eu não estava tão ciente da força das redes sociais. Hoje, usamos isso de uma forma mais ciente;, explica Tjabbes.
Em Frida Kahlo ; Conexões entre mulheres surrealistas no México, em cartaz na Caixa Cultural, um painel com a reprodução de um autorretrato da artista encerra a exposição. Segundo a curadora, Teresa Arcq, o espaço foi pensado especialmente para as selfies. A enorme popularidade da artista levou a instituição a organizar a visitação mediante retirada de ingressos, uma maneira de controlar e organizar a entrada do público. Mesmo assim, no fim de semana, a espera na fila costuma ser, em média, de 40 minutos. Gestor responsável pela Caixa Cultural, Marcelo Moreira dos Santos explica que o máximo de visitantes permitidos na galeria é de 50 pessoas, uma exigência contratual assinada entre os produtores e os proprietários das obras da exposição. A média tem sido de 3 mil visitantes por dia.