Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Discípulos de Zé Celso falam do aprendizado com o mestre

Atores do Teat(r)o Oficina levam a experiência nos palcos e ensaios com o diretor para a vida e criação artística na profissão

O Teatr(o) Oficina Uzyna Uzona criado com o objetivo de explorar ao máximo os limites criativos do teatro contemporâneo encerra neste fim de semana a temporada em Brasília da peça Pra dar um fim no juizo de Deus. Sob a direção de José Celso Martinez Corrêa ; o Exú das artes cênicas, como gosta de ser chamado ;, a companhia inspira atores das mais diversas vertentes e quebra no palco diversos padrões estéticos ou regras socialmente estabelecidas.A trupe explora o experimentalismo, a investigação e a busca por novas linguagens para o teatro. Sendo assim, os atores do Oficina, acostumados com o trabalho árduo, com a técnica misturada ao exercício criativo pessoal e com a rotina primorosa de ensaios, se inspiram nas experiências vividas com a figura um tanto quanto xamânica de seu diretor e se destacam em outros trabalhos, seja nos palcos, seja nas telonas.

A atriz Nash Laila, 29 anos, além de se destacar no teatro sob a direção de Zé Celso, mostra talento para a interpretação nos cinemas. Além de conquistar as telas dos festivais de Berlim e de Gramado, ela foi vencedora do prêmio de melhor atriz coadjuvante do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro de 2013 pela performance em Amor, plástico e barulho, de Renata Pinheiro.

Nash, que estreou nos palcos aos 15 anos com A lição, de Eugene Ionesco, saiu de Recife e foi recebida em São Paulo por uma das integrantes do Oficina, que a levou para ensaiar a peça Macumba antropófoga. ;Desde então, a rotina é essa: iniciamos a prática corporal às 16h, aquecemos a voz, cantamos e o ensaio da peça começa. Diariamente. Somos um coro e buscamos sempre fazer as iniciações de concentração em grupo. Pra nos equalizar, timbrar;, explica.

[SAIBAMAIS]

Intensidade

Enquanto isso, a atriz Sylvia Prado conta que perdeu as contas de seu tempo no teatro Oficina, já que cada ano é mais intenso e atemporal. Sylvia entrou para a montagem de Cacilda! e conta que a primeira peça dirigida por Zé Celso a que assistiu foi Mistérios gozosos, de Oswald de Andrade. ;Naquela hora, não soube definir o gostar ou não gostar, era tudo muito intenso para mim;, afirma. A atriz declara que Zé Celso é um diretor que provoca a percepção da mediocridade reinante na sociedade e da certeza do desejo de caminhar na corrente contrária a isso. ;O Oficina me deu uma boa bagagem de vida. Uso sempre ; na atuação, na produção, no cotidiano;, conta a integrante da companhia, que vai gravar o curta O filme morto, de Marina Murad, assim que terminar a temporada do espetáculo em Brasília.

A brasiliense de Zé Celso

Formada em Artes Cênicas pela Universidade de Brasília, Clarisse Johansson representa os talentos da capital na trupe de Zé Celso. Integrante do elenco de Mistérios gozosos, a atriz afirma que o trabalho do Oficina é rigoroso e trabalha técnica total, com ensaios de segunda a sábado, no mínimo 6 horas por dia. ;O Zé dirige cada fala, tudo é muito trabalhado. Todos que fazem parte do teatro participam do ensaio ; cenografia, iluminação, atores, equipe técnica, todos estão juntos. É muito rico o trabalho;, destaca. A atriz, que começou nos palcos de teatro ainda criança, acompanhando espetáculos de sua mãe, também atriz, acredita que a figura do diretor seja muito especial, forte e inspiradora.


Como ponto forte do trabalho realizado pelo grupo, Clarisse destaca a força política do teatro Oficina. ;Um dos motivos pelos quais me interessei pelo grupo é que os espetáculos sempre trazem questões políticas e sociais da atualidade, dialogando com o que acontece naquele momento no nosso país e no mundo. Isso sempre foi muito forte para mim. Os trabalhos da minha mãe são assim e eu sempre busquei trabalhar com isso. É uma maneira de ser atuante por meio do teatro;, afirma a atriz.

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