Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Primeira exposição de obras de Marianne Peretti estará no Museu Nacional

A mostra revela uma artista cuja audácia imprimiu marca em vários prédios históricos da capital


Aos 88 anos, Marianne Peretti carrega uma curiosidade sem fim. Ela não está muito interessada em lembrar os detalhes dessa ou daquela obra ; a maioria de escala monumental, muitas feitas para prédios projetados por Oscar Niemeyer, como os vitrais da Catedral. Isso, ela brinca, ;a Tatiana; sabe melhor. Mas, quando coloca os olhos no braço tatuado da fotógrafa que a acompanha durante um passeio pela montagem da exposição no Museu Nacional, Marianne acende uma luz. ;Mas o que é isso no seu braço? Não sai? Nunca mais? Mas um braço tão bonito. Você vai se arrepender;, comenta com a moça. Do lado do rapaz com vasta cabeleira afra, ela não desgruda os olhos, deslumbrada: ;É bom para o inverno;.

[SAIBAMAIS]É a mesma curiosidade que mantém Marianne ativa, todos os dias, no ateliê em sua casa, em Olinda. De lá saíram boa parte das obras da exposição A arte monumental de Marianne Peretti, que tem abertura marcada para hoje, às 19h, no Museu Nacional, e contará com uma projeção especial de imagens na cúpula do museu. A mostra faz um percurso pela trajetória da artista desde as primeiras experiências na integração entre arte e arquitetura até as produções mais recentes. É uma tentativa de inserir Marianne no mapa da história da arte brasileira e recuperar uma parceria que ajudou a dar forma a muitas obras de Oscar Niemeyer. ;Muita gente acha que o Niemeyer fez o que eu fiz. É desagradável para mim;, conta.

Filha de pai pernambucano e mãe francesa, Marianne morava em Paris quando visitou pela primeira vez uma obra do arquiteto. Pegou um avião e foi a Milão conhecer a Editora Mondadori. Nos anos 1970, foi visitar Niemeyer no escritório no Rio de Janeiro e deu início a uma parceria que marcaria, sobretudo, o desenho dos prédios de Brasília. Foi em 1987 que ela começou a trabalhar nos vitrais da Catedral. Em enormes folhas de papel vegetal dispostas no chão do Ginásio Nilson Nelson, a franco-pernambucana desenhava sua reinterpretação para símbolos bíblicos. Foram 16 colunas de 30mx10m desenhadas a mão, durante pouco mais de dois meses. Também foi Marianne quem convenceu Niemeyer a pintar de branco as colunas da Catedral. Pela primeira vez, o público brasiliense poderá conferir uma parte dos originais dos desenhos. Eles foram dispostos no centro da exposição e fazem par com um tapete de fotos que permite ter noção das dimensões do trabalho.

A Arte Monumental de Marianne Peretti
Abertura hoje, às 19h, no Museu Nacional da República (Conjunto Cultural da República, Setor Cultural Sul, Lote 2, Esplanada dos Ministérios ; Brasília/DF). Visitação até 5 de junho, de terça a sexta-feira, das 9h às 18h30.

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