Em 2015, apenas 14% dos filmes lançados no mercado nacional foram dirigidos por mulheres. Nos anos anteriores, os números foram ainda piores. De forma a empoderar as cineastas e fomentar um cinema produzido pelo sexo feminino, o Ministério da Cultura; o Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos; e a Empresa Brasil de Comunicações (EBC) juntaram as forças em torno de um edital público que pudesse colaborar com essa demanda.
Assim nasceu a Mostra Edital Carmen Santos ; Cinema de Mulheres e Filmes Convidados, que ocupa o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) a partir de hoje e segue até 4 de abril. Na programação, os nove curtas e seis médias-metragens que foram contemplados pelo edital. Os trabalhos congregam equipes primordialmente formadas por mulheres, além de se debruçarem sobre temas afins, como feminismo, sexualidade e violência doméstica.
A mostra conta ainda com longas convidados, a exemplo do premiado Elena, de Petra Costa; do concorrido Que horas ela volta?, de Anna Muylaert; e da produção local Poeira e batom no Planalto Central, de Tânia Fontenele.
Inspiradora
Nascida em Portugal mas radicada carioca, Carmen Santos foi uma das primeiras mulheres do país a se envolver com a arte cinematográfica. A estreia nas telas foi em 1919, no filme Uruatu, sob a batuta do norte-americano William Jansen.
Contrariando o ambiente opressor e sexista da época, Carmen tomou a frente de outros sete projetos de cinema, e se tornou referência na área, não somente por conta dos filmes, mas igualmente em virtude da autonomia na forma de trabalho. Entre os títulos, destaque para a atuação em Limite (1930), de Mário Peixoto, e Inconfidência mineira (1948), estrelado e dirigido por Carmen.
Destaques da programação
>> Elena, de Petra Costa
>> Que horas ela volta?, de Anna MuyLaert
>> De menino, de menina, de Angélica Muniz
>> Fábula de vó Ita, de Joyce Prado e Thallita Oshiro
>> Quem matou Eloá?, de Lívia Perez