Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Crítico Boris Schnaiderman reavalia a ação de brasileiros na Guerra

Livro 'Caderno italiano' resgata depoimento sobre pracinhas da FEB

Santo de casa realmente não faz milagres... E com os pracinhas brasileiros da FEB não foi diferente: muito fizeram, mas não tiveram o merecido reconhecimento por sua participação na campanha da Itália na Segunda Guerra Mundial. É uma pena. Mais que isso, é uma grande injustiça, pois os valorosos compatriotas fizeram tanto quanto os soldados estrangeiros que lutaram naqueles campos de batalha.

A memória popular estigmatizou-os como uma espécie de "exército de Brancaleone", tratando os seus feitos como pífios, diminuindo o seu valor. Nada, porém, melhor que uma obra lúcida, como a do ex-combatente Boris Schnaiderman, para reparar esse equívoco.

Boris Schnaiderman, escritor e grande tradutor russo nascido na Ucrânia e naturalizado brasileiro, é a voz que agora nos chega para resgatar essa história: homem de 98 anos de idade, perfeitamente lúcido, empenhado em reavivar a memória dos pracinhas na Campanha da Itália, de 1944 a 1945, portanto, já no fim do conflito, com o seu livro Caderno italiano (Ed. Perspectiva), joia preciosa pelos relatos cuja justeza dos comentários mostra o equilíbrio do autor, deixando de lado a paixão, que não raro distorce os fatos como põe em dúvida a sua veracidade, mas sem perder o humanismo, que é a condição mais alta de seu espírito elevado. A sobriedade, a elegância da sua prosa narrativa e o respeito à verdade do que testemunhou são também a marca da escrita desse autor quase centenário.

[SAIBAMAIS]Os pracinhas brasileiros foram de fato mal preparados para participar dessa guerra, que, afinal, não era deles. Não tinham a convicção necessária para se empenhar numa luta em tudo estranha a eles: partiram de um país cujo governante, Getúlio Vargas, ;namorava; a nobre nação alemã, mas que acabou ;se casando; com a América, ou seja, comungava os ideais nazistas e fascistas do Eixo, mas uniu-se estrategicamente aos Estados Unidos da América, com as forças aliadas. Os soldados não podiam saber mesmo contra o que estavam lutando, pois saíram de um regime ditatorial e foram lutar pela democracia europeia.

A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui.