Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Caixa mostra exposição sobre as manifestações do patrimonio imaterial

Todos os 38 registros estão representados na mostra em cartaz a partir de hoje

Em 2014, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) já havia registrado 30 manifestações no catálogo de Patrimônio Imaterial. Hoje, esse número subiu para 38. A perspectiva é que continue a aumentar, por isso o desafio dos produtores Fernanda Pereira e Luiz Prado é constante. Idealizadores da exposição Patrimônio Imaterial ; A celebração viva da cultura dos povos, eles precisam ficar atentos a cada nova montagem da mostra para não deixar de fora as novas catalogações. E já foram oito desde a estreia da exposição, em 2014.

Montada na galeria principal da Caixa Cultural, a mostra convida o público a um verdadeiro passeio pela cultura brasileira espalhada de norte a sul. A intenção é reunir, em um só espaço, exemplares de todos os registros de patrimônio imaterial realizados pelo Iphan e construir um acervo itinerante capaz de contar boa parte da cultura tradicional do país. O conjunto que agora chega a Brasília é dinâmico e já passou São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Salvador e Recife. Segundo a produtora, ele tem como missão levar ao público o máximo de informação possível sobre cada uma das manifestações. ;Quando um bem é registrado, a sociedade passa a cuidar;, explica Fernanda. ;Então fizemos uma exposição para mostrar o Brasil que muitos desconhecem.;

Responsável pela cenografia, Ronald Teixeira construiu um espaço museográfico no qual todo o mobiliário dialoga com o próprio acervo. Cortinas de fitas de chita separam os ambientes, mas a fragilidade do material permite um cruzamento dos sons e imagens propositalmente espalhados pela exposição. Os textos, vídeos e fotos de apoio para os objetos fazem parte também dos dossiês enviados ao Iphan, apoiador do projeto, para efetivar o processo de catalogação.



Na área central estão as manifestações catalogadas como Formas de Expressão, como o samba do Rio de Janeiro, o tambor de crioula, a capoeira, o carimbó e os sineiros do interior de Minas Gerais. Também na entrada fica a mais recente manifestação registrada, a Festa do Pau da Bandeira de Santo Antônio de Barbalha, no Ceará, que passou a integrar o livro no ano passado. Uma área ficou reservada para as Cavalhadas de Pirenópolis. Esta é a primeira versão da mostra na qual os produtores conseguiram incluir as roupas dos brincantes. Até então, o acervo da mostra contava apenas com as máscaras.

Parte dos objetos foram emprestados pelos museus do Índio (Rio de Janeiro), do Círio (Belém) e do Folclore (Rio de Janeiro), além da Secretaria de Cultura do Maranhão, mas também foi necessário adquirir muita coisa que não se encontrava nos acervos dos museus. A exposição tem algumas preciosidades, como a mala com os objetos da feira de Caruaru, a mesma enviada à equipe do Iphan como parte do dossiê de catalogação, as bonecas de barro feitas pelas índias Karajás para explicar às crianças a história de seu próprio povo e a viola de coxo do Centro-Oeste, mostrada em várias etapas de fabricação. Um canto da exposição foi reservado para o Círio de Nazaré, com uma reprodução da tradicional berlinda que transporta a santa durante a procissão.

Nos vídeos de apoio, o público pode conferir os rostos e ofícios dos responsáveis por manter vivas as manifestações. Um deles revela o processo de confecção das bonecas dos Karajás, uma das expressões mais delicadas da exposição. Os brinquedos reproduzem cenas do cotidiano da aldeia e são confeccionados pelas índias para contar as histórias de como é viver entre os Karajás. Entrevistas com os bonequeiros de Pernambuco revelam a tradição do mamulengo e a rabeca é tema de outro vídeo, assim como o ofício dos sineiros de São João Del Rey, cujo trabalho virou patrimônio imaterial em 2009.

A baiana, sua indumentária e tabuleiro representam um ofício centenário na Bahia e dividem espaço com as panelas de barro das paneleiras de Goiabeiras (Espírito Santo), o primeiro bem a ser reconhecido patrimônio imaterial, em 2002. ;Acho que a exposição vem num momento em que é importante falar desse patrimônio, especialmente agora que andam queimando terreiros;, repara Fernanda. Para completar o circuito de norte a sul, um vídeo explica como a Tava de São Miguel Arcanjo, no Rio Grande do Sul, é um lugar de referência para os índios Guarani. O local está inscrito no livro dos Lugares e representa um espaço de culto e encontro com os ancestrais.





Patrimônio Imaterial ; A Celebração Viva da Cultura dos Povos
Visitação até 27 de março, de terça a domingo, das 9h às 21h, na Caixa Cultural (SBS ; Qd 4, Lotes ;)