Diversão e Arte

Título da obra de Xico Sá é inspirado em romance de Norman Mailer

Na obra 'Os machões dançaram', o autor fala sobre o comportamento masculinos nos tempos atuais

Estado de Minas
postado em 14/12/2015 12:18

Na obra 'Os machões dançaram', o autor fala sobre o comportamento masculinos nos tempos atuais

Desde 2003, quando Xico Sá começou a mapear ;as modas de macho e as modinhas de fêmea; pelos botecos do Brasil, tudo mudou. A ;carençolândia; cresceu e ele mudou e desenvolveu seu registro, mas uma conclusão parece inevitável: estamos em tempos de homens vacilões. Seu novo livro a leva no título: Os machões dançaram ; Crônicas de amor e sexo em tempos de homens vacilões. O título é inspirado num romance de Norman Mailer, justamente Os machões não dançam. ;Era a hora mais apropriada do mundo;, comenta Xico por telefone, do Rio. ;Essa reserva do macho jurubeba está em extinção.;

O jurebeba, ;o macho com todos os defeitos de fábrica;, é apenas um dos tipos que o escritor cataloga nessa reunião de crônicas de costumes, elegia às mulheres e uma eulogia para Lou Reed ; há textos inéditos e reescrituras de crônicas que saíram na web em sites, jornais e no seu próprio Facebook.
[SAIBAMAIS]
Entre os tipos de homens recenseados estão o Macunaemo (metade Macunaíma, metade roqueiro emo), o homem de Ossanha (aquele que ;diz vou / Não vai;, segundo o samba de Vinicius e Baden), o macho alfa, o homem-buquê, afetado pelo raio gourmetizador, e o homem-ocupação (;indie de passeata;). ;Ainda há esperneio (dos homens jurebebas), e o cara que quer mudar, tipo no qual me incluo, está espremido entre ele e o que eu chamo de macunaemo, tem muita gente nesse estágio;, reflete o cronista sobre o assunto urgente do momento. ;Vai dar em bom termo mais adiante, mais ainda falta muito.;

No turbilhão de embates diários da web, o cronista quis parar para uma reflexão. ;É um freudianismo de boteco, principalmente para nós, homens, discutir em que lugar estamos nessa história e trazer isso para o rés do chão;, explica ; com forte presença nas redes e até por isso escorraçado por muitos lados (o feminismo costuma ver problemas em seus textos), ele diz pensar com frequência no assunto ; uma das frases que escolhe como epígrafe, da célebre Gloria Steinem, diz: ;Uma mulher sem um homem é como um peixe sem uma bicicleta;.

;Fui reler coisas do primeiro livro (da trilogia, que agora se encerra), e não acreditava, tinha coisas muito machistas;, diz. ;Tenho muito esse embate sobre o machismo, e na maioria das vezes elas têm razão;, admite. ;Recentemente, uma moça fez uma leitura muito sofisticada das crônicas, dizendo que essa própria devoção (às mulheres) é um machismo, um tipo de crítica inteligente;, conta ; ;mas não concordo inteiramente, porque não posso tirar o lirismo, a poesia, eu persigo uma crônica literária, não escrevo cartilha pedagógica. Não posso me impedir a esse ajoelhamento diário;.

Sobre as hashtags como #meuprimeiroassedio e #meuamigosecreto, que recentemente ganharam muito destaque nas redes, Xico se diz um leitor atento. ;Acho riquíssimo, essa nova narrativa é inclusive um material para outras crônicas.; Com o bom humor e os neologismos inconfundíveis (;o inimitável estilo xicosapiens;, conforme Reinaldo Moraes diz na orelha) e as costumeiras citações (de Waldick Soriano a Leonard Cohen), o cronista explora os diversos temas modernos na busca de entender o que se passa com o homem e com a mulher no ano da graça de 2015. (Estadão Conteúdo)

Serviço

Os Machões Dançaram ; Crônicas de amor e sexo em tempos de homens vacilões
De Xico Sá
Editora Record
192 págs., R$ 32

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