Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

A Loc Vídeo fecha suas portas hoje, depois de 22 anos em atividade

Nas décadas em que esteve em funcionamento, a Loc se tornou referência para cinéfilos de todo o Plano Piloto


Por mais que a fita de VHS tenha dado lugar ao DVD e que este, por sua vez, já seja considerado ultrapassado (o Blu-Ray nem teve tempo de se popularizar por aqui), para muitos cinéfilos, a sensação de entrar em uma videolocadora (é) era insubstituível.

O lento processo de extinção das locadoras sepulta um hábito que marcou as últimas três décadas. A Loc Vídeo, tradicional videoclube da Asa Sul, fecha suas portas hoje. Depois de 22 anos de funcionamento ininterrupto, o estabelecimento se rendeu à defasagem do setor.

O proprietário da Loc, Fernando Pagani Destro, 43 anos, conta que se cansou de lutar contra um fim que já vinha se impondo nos últimos anos. ;Eu até poderia forçar a barra e manter a locadora por mais um tempo, (mas o fim era irreversível);, diz. Por isso, resolveu manter apenas a filial de Águas Claras, bem mais enxuta.

Seu novo investimento será uma loja de material de construção e ferramentas. Encerrar um negócio de tanto tempo, como a Loc, pode parecer triste. Mas o lado empresário de Fernando falou mais alto. ;Já estava trabalhando com a ideia do fechamento há tempos;, revela. ;O negócio estava difícil, por isso eu havia começado a me preparar psicologicamente.;

Nas décadas em que esteve em atividade, a Loc se tornou referência para cinéfilos de todo o Plano Piloto. O acervo, que começou tímido, com 1.500 títulos, chegou a mais de 40 mil, entre séries de televisão, filmes e jogos de videogame. ;Fomos uma das primeiras a importar DVDs. Os clientes se animaram e começaram a procurar mais a locadora naquele período;, conta. Mas ele ressalta que, quando se trabalha com comércio, é preciso separar a emoção da razão. ;A partir do momento em que começa a dar prejuízo, é hora de mudar a ação;, explica o empresário.

Ele analisa o momento atual para justificar o fechamento do estabelecimento. A rapidez do mundo moderno deixa pouco espaço para sonhos e contemplações. As pessoas não querem mais gastar tempo indo até uma locadora de filmes. Tudo está ao alcance do controle remoto, nos pacotes especiais da tevê a cabo e nos serviços de streaming da internet. O prazer tornou-se menos palpável. A tecnologia, mais rápida. E a memória que temos dos filmes, cada vez mais curta.