João Gilberto ganhou, nesta quinta-feira, o processo histórico que movia contra a gravadora EMI. A decisão do STJ, em Brasília, proíbe que o selo comercialize as obras do cantor, além de condenar a EMI a pagar direitos autorais sobre a venda dos discos do músico desde 1964. O valor pode chegar à casa dos R$200 milhões.
A briga de João Gilberto com a EMI durou praticamente duas décadas. Começou quando a gravadora lançou o álbum O mito, em CD e LP duplos, reunindo 38 faixas. A questão é que o artista, além de não ter sido comunicado sobre a coletânea, ainda viu sua obra ser modificada sem sua autorização. A remasterização, entre outros problemas, alterou o volume dos violões, acrescentou ecos e até cortou faixas para que o disco ficasse de um tamanho aceitável.
Em decisão unânime, a gravadora foi condenada a pagar 24% de tudo que faturou com as vendas de obras do artista desde o lançamento. A EMI não pode mais recorrer.
Outra briga João Gilberto também briga com a EMI na justiça para conseguir o direito sobre as fitas master originais das canções mais importantes de sua carreira, dos discos ;Chega de saudade (1959), O amor, o sorriso e a flor (1960) e João Gilberto (1961). O material está com o músico há dois anos, mas o selo ainda recorre da decisão.
Aos 84 anos, João vive no Rio de Janeiro, entre o apartamento no Leblon, bairro onde mora há décadas, e uma suíte do Copacabana Palace. De personalidade controversa, o artista não costuma sair nem receber visitas, exceto da sua filha Bebel e de sua empresária, Cláudia Faissol, mãe de Luísa, a filha mais nova.