Milton Nascimento encheu o Nilson Nelson em 1979: levou mais de 20 mil pessoas para ouvi-lo cantar Maria Maria. Marisa Monte foi uma surpresa de ;voz doce; e ;timbre cristalino;. Ney Matogrosso, Irlam já o conhecia do Madrigal de Brasília, mas só foi mesmo encontrar e entrevistar em 1973, época do Secos e Molhados. Irlam lembrava de dois shows, mas Ney conta que foram três: dois para o público, um para a censura. ;Ele contou que o pessoal da censura foi com as famílias para ver o show de graça. Fez questão de dizer;, lembra o jornalista. ;Eu perguntei: ;Mas como o show passou pela censura?;, e ele disse que foi fácil, não vestiu o figurino nem rebolou.;
Quando Irlam chegou ao Correio Braziliense, em junho de 1975, foi para cobrir esportes. Passou dois anos entre campos de futebol e quadras de basquete antes de migrar para a editoria de cultura. Na época, os shows eram noticiados, mas nem sempre havia cobertura do evento. Comparecer às apresentações e narrar para o leitor o que aconteceu foi uma bandeira que o repórter passou a empunhar. A primeira cobertura ocorreu durante um show dos Doces Bárbaros, no Ginásio Nilson Nelson, em 1976. Foi a segunda vez que Irlam viu Caetano Veloso no palco. O tropicalista cantava ao lado de Gilberto Gil, Maria Bethânia e Gal Costa. Naquele espetáculo, confirmou uma preferência que até hoje não esconde. Irlam acompanhou Caetano desde os festivais da Record. Quando ouviu, pela primeira vez, Alegria Alegria na voz do baiano, se identificou completamente. ;Caetano é o que mais me identifico;, confessa. Alguns anos depois, era o terceiro da fila para comprar o ingresso do primeiro show que o tropicalista fez ao voltar do exílio, em 1972.
Mais jovens
Alguns momentos, o repórter guarda como recordação excepcional. É o caso da conversa com Gilberto Gil, de passagem por Brasília com o show Refazenda, em 1975. No então intacto Brasília Palace (o hotel seria consumido pelo fogo em 1978), o compositor contou ao repórter como planejava construir a comunidade que dava título ao show e ao disco recém-lançado. Rita Lee também é uma das lembranças que Irlam guarda com carinho. ;Ovelha negra esteve entre as músicas mais tocadas de 1975. Eu gostava muito dos Mutantes e achava a Rita Lee o máximo. Era a primeira vez que alguém falava dessa coisa de sair de casa em uma música, tinha um quê de rebelde;, conta o jornalista. O rock e as gerações dos anos 1980 e 1990 estão representadas pelos encontros com nomes como Cazuza, Renato Russo, Cássia Eller e até os Mamonas Assassinas. ;Acho que esse livro pode pegar os mais jovens por conta desses nomes, que são mais recentes e ainda hoje suscitam interesse;, acredita o repórter.
A produção brasiliense também tem um canto cativo no livro e na cobertura. Irlam acompanha o Clube do Choro desde o início e gosta de celebrar a mina de instrumentistas que Brasília virou. ;Fiz questão de registrar a carreira do Reco (do Bandolim, presidente e um dos fundadores do Clube do Choro), porque é um trabalho que eles fazem com jovens realmente antenados na boa música. Não é à toa que Brasília exporta hoje muitos músicos para o Brasil inteiro;, garante o autor de Minha trilha sonora.
Serviço
Minha trilha sonora
Lançamentos dias 7 de dezembro, segunda-feira, às 19h30, no Clube do Choro, e dia 21 de dezembro, também segunda, às 20h30, no Feitiço Mineiro. Entrada franca. Preço: R$ 20,00 o exemplar.