Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Museu de Congonhas é inaugurado em sítio do patrimônio mundial

Um dos mais importantes projetos de preservação da memória do país chega ao público

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO no Brasil), o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a Prefeitura de Congonhas inauguram no próximo dia 15 de dezembro, às 10h30, um dos mais importantes projetos de preservação da memória do país: o Museu de Congonhas. A instituição chega ao público com a missão de potencializar a percepção e a interpretação das múltiplas dimensões do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, sítio histórico que, desde 1985, tem o título de Patrimônio Cultural Mundial. A inauguração integra as comemorações dos 30 anos do título e dos 70 anos de existência da UNESCO.

Por ter como principal temática um patrimônio mundial a céu aberto ; o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos ;;, o Museu de Congonhas atuará como ;museu de sítio;, numa espécie de mediação entre o Santuário e o público. O objetivo da nova instituição será a de qualificar a experiência insubstituível de estar no lugar, intensificando os sentidos e a percepção, seja por meio de descrições, de interpretações ou de criação de condições favoráveis à fruição. ;O Museu será um divisor para o turismo e a cultura de nossa cidade. Trata-se de um dos mais modernos equipamentos museais do país;, afirma Sérgio Rodrigo Reis, presidente da Fundação Municipal de Cultura, Lazer e Turismo de Congonhas (Fumcult).

Exposição

A exposição permanente que inaugura o Museu de Congonhas, cuja curadoria é assinada pelos museólogos Letícia Julião e Rene Lommez, trata das manifestações da fé no passado e no presente, em particular, o sentido de exteriorização da devoção projetado na monumentalidade teatral do espaço do Santuário, nas práticas da romaria e nos ex-votos. A mostra também retrata o Santuário como expressão de trânsito cultural resultante da expansão portuguesa; da relação do espaço religioso com a vida urbana de Congonhas; do Santuário como obra de arte; do trabalho do Aleijadinho, mas, sobretudo da produção artística como resultado de processo coletivo de distintos artífices; e do deslocamento da arte como transcendência da fé para o objeto de devoção convertido em arte.

Acervo

O Museu de Congonhas abre suas portas ao público exibindo importantes acervos. Um dos principais é a coleção Márcia de Moura Castro. Composta por 342 peças que pertenceram à colecionadora, as obras foram adquiridas pelo Iphan em 2011. Enquanto viveu, por mais de meio século, a pesquisadora dedicou-se a adquirir arte sacra e objetos de religiosidade popular, com destaque para ex-votos e santos de devoção. A coleção será exposta numa sala especial no Museu de Congonhas.

Outro acervo importante que será entregue nos próximos meses, é a Coleção Fábio França, uma biblioteca de referência no Brasil sobre o barroco, a arte e a fé. Reunido em mais de quatro décadas por este professor, com a colaboração de vários pesquisadores, o acervo de livros raros foi recentemente incorporado ao Museu. É composto por publicações de interesse geral, temas históricos, artísticos, com foco especial nas obras sobre a arte barroca, o barroco mineiro e a temática da vida e obras de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.