Em tempos de conflitos entre nações, muitos artistas e escritores sofrem ameaças e perdem a paz necessária para produzir e dar continuidade à obra. A busca por exílio se torna constante, mas nem sempre é fácil. Há um quarto de século, no mesmo ano da derrubada do muro de Berlim, o escritor anglo-indiano Salman Rushdie foi condenado à morte e procurado pelo mundo inteiro por conflitos da polícia secreta iraniana. Se ele escapou da morte, infelizmente, muitos de seus leitores, tradutores, editores e livreiros foram perseguidos e alguns até assassinados por terem divulgado ou lido Os Versos satânicos, que muitos muçulmanos consideraram humilhação ao profeta Maomé.
Diante desses fatos e de assassinatos de escritores, o próprio Salman, com outros 350 autores do mundo criou, em 1993, em Estrasburgo (França), o Parlamento Internacional de Escritores, entidade que deu origem a uma rede de Cidades Refúgio para escritores perseguidos.
Mas foi em 2006 que a rede International Cities of Refuge Network (Icorn) foi fundada e ofereceu 40 lares seguros para que escritores pudessem continuar a se expressar de maneira livre. Era o fim do silêncio e a garantia da liberdade de expressão. A partir daí, aumentou o número de escritores perseguidos, e a rede se abriu também para músicos, artistas plásticos, jornalistas, redatores, tradutores, dramaturgos, poetas, ensaístas, editores e caricaturistas. Todos ameaçados de morte e tortura.
Solidariedade brasileira
No Brasil, a proposta da rede Internacional Cities of Refuge Network (Incorn) ganhou adesão com o projeto Cabra (Casas Brasileiras de Refúgio). O primeiro passo dado se deu em 2014, quando o Pen Clube do Brasil tomou a iniciativa de organizar um Grupo de Trabalho destinado a divulgar as iniciativas levadas a cabo pelo Icorn neste país, terra de longa tradição de imigração e de integração cultural com outros povos.
Segundo Sylvie Debs, a responsável pelo projeto no Brasisl, a defesa da liberdade de expressão, o respeito aos direitos humanos, o exercício da democracia e a tradição de hospitalidade são valores essenciais que permitem ao Brasil abraçar plenamente a causa. ;Começamos apenas com escritor, mas a necessidade se expandiu. Algumas cidades que queriam aderir não tinham um programa literário importante. Abrimos para se adequar ao foco dessas cidades também. Então, o programa se abriu para outras artes;, explica a representante do projeto no Brasil ao destacar que na Universidade Federal de Minas Gerais o projeto é aberto e se expande também para outras artes.
Sylvie conta que a função principal do Icorn é possibilitar a integração de cidades-membros e seus escritores hospedados numa rede global de solidariedade, criatividade e interação mútua. ;As cidades brasileiras que se filiarem a essa atividade serão altamente beneficiadas, porque as modernas formas de comunicações da atualidade permitem aos escritores do Icorn atingir as mídias e numerosas audiências em seus países de origem, como também suas vozes poderão ser ouvidas por novos públicos nas cidades que os acolhem e além-mar.;
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