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Capital Inicial comemora 30 anos de carreira com DVD gravado em Nova York

"Quando a gente tinha 16 anos, começou a tocar por entretenimento. Quem diria que, 30 anos mais tarde, estaríamos gravando o DVD comemorativo", comenta Dinho Ouro Preto em entrevista ao Correio



O Capital Inicial, um dos ícones do rock brasileiro, tem três momentos que podem ser considerados marcantes em sua história. O início em Brasília, na metade da década de 1980, em meio ao movimento punk candango; a ;ressurreição;, com a gravação do Acústico MTV, depois de um período de desacertos; e agora, quando a banda, com a popularidade estável, lança o DVD comemorativo dos 30 anos de existência, gravado em Nova York.

Dinho Ouro Preto, Flávio Lemos, Fê Lemos e Yves Passarel buscam, com o Acústico NYC, repetir o êxito obtido pelo projeto desplugado, que os levou ao patamar mais alto da carreira, há 15 anos. Gravado na casa de espetáculos Terminal 5, o CD e o DVD ; com direito a making of ; chegam amanhã às lojas. Para fãs mais ardorosos e colecionadores, serão colocados à disposição, além das duas mídias, kits com pôster, fotos exclusivas, adesivos e cadernetas exclusivas.

Raoni Carneiro é responsável pela direção, enquanto Zé Carratu assina os cenários do Acústico NYC, que recupera canções tipo lado B de álbuns anteriores, como Ressureição e Cristo Redentor, e outras que fizeram relativo sucesso ; entre elas Belos e malditos, Olhos vermelhos e Eu nunca disse adeus. A elas se juntam três músicas inéditas: Vai e vem (Dinho Ouro Preto, Alvin L e Thiago Castanho), que as rádios já vêm tocando; Doce amargo (também dos três); e A mina (Kiko Zambianchi). Há, ainda, as homenagens a Renato Russo e a Chorão (Charlie Brown Jr., com a recriação de Tempo perdido e Me encontra).

Entrevista / Dinho Ouro Preto


Logo no começo do show, você diz que fazia parte de um grupo de adolescentes que gostava de rock e fazia música por prazer. Trinta anos depois, vocês celebraram a data em Nova York. Fale fala um pouco disso.
Quando a gente tinha 16 anos, começou a tocar por entretenimento. Tínhamos admiração pelo Ramones, que inspirou muitas das músicas do Aborto Elétrico, nossa principal referência. Quem diria que, 30 anos mais tarde, estaríamos em Nova York gravando o DVD comemorativo!

Como foi feita a escolha do lugar?
A gente teve que escolher entre duas opções opostas. Uma era praia, sol, areia, mergulho, mar, ilha paradisíaca. A outra era soturna, urbana, noturna, repleta de prédios e concreto. Quando fomos ver Fernando de Noronha, ficamos inclinados a gravar o DVD lá, mas descobrimos que havia várias restrições ambientais, lugares onde não era permitida a filmagem, partes da ilha que não poderíamos visitar, e restrição, também, em relação à quantidade de equipamento que poderíamos levar. Além disso, ainda tiveram impedimentos orçamentários, porque teríamos que transportar absolutamente tudo de barco ou de avião, era uma dor de cabeça gigantesca.

Então gravar em Nova York acabou se mostrando uma alternativa mais em conta?
Olha como é a vida. Paradoxalmente, foi mais barato percorrer milhares de quilômetros e, de quebra, conseguimos involuntariamente nos beneficiar do câmbio porque fechamos o acordo de gravar em Nova York pouco antes do Natal, do ano passado, quando o dólar ainda não tinha empinado tanto. Começamos a pagar os custos que teríamos lá quando o patamar da moeda ainda era razoável. A bilheteria da casa foi uma das maiores da nossa vida, porque o show contou com 2 mil e 500 pagantes, que compraram ingressos em dólar. Para completar, fizemos um ensaio geral um dia antes, em Boston, que também foi pago.

Em 30 anos de carreira, houve alguns desacertos. Você chegou a sair da banda. No ano 2000, foi lançado o Acústico MTV, que vendeu 2 milhões de cópias. A partir daí, vocês deixaram de ser uma banda influenciada pelo punk rock para virar uma banda de grande popularidade. Você se vê como um artista pop?
Pop é quem faz parte da cultura popular; e nós somos uma banda de rock. Se hoje em dia você for falar da cultura popular brasileira, é impossível excluir o rock da conversa. Acho que o que nós queríamos cantando em português era que fôssemos entendidos por todos. Eu não quero ficar restrito a um público de classe média branca, quero poder tocar pra todo mundo, e o rock auxilia a gente nesse papel de não se restringir, de ampliar fronteiras. O Capital tem uma identidade muito clara e talvez esse seja o aspecto mais valioso da banda, porque ao longo de tantos anos na estrada encontramos uma personalidade distinta que pudesse falar diretamente com os nossos fãs. Mas isso foi espontâneo, não foi negociado. Tudo bem, o Capital é uma banda de rock, mas o rock contém em si uma variedade gigantesca de estilos e tendência, é dividido em vários subgrupos.

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