O artista mineiro Alexandre Magalhães não sabe ao certo o porquê de ter escolhido os bueiros como tema, mas sabe que encontrou nessas estruturas um verdadeiro universo de exploração de formas e texturas. São bueiros registrados em cidades do Norte ao Sul do Brasil e da Europa que ele apresenta em Bueiros do mundo, em cartaz no subsolo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília (UnB).
Magalhães costuma sair pelas ruas munido de uma câmera fotográfica. Registra apenas bueiros circulares e escolhe aqueles com alguma particularidade. Depois, imprime em tecidos. ;Eu achava bonito os desenhos dos cueiros. A gente não olha para o chão. Fica no celular, digitando, aí é atropelado, pisa em cocô de cachorro, tropeça porque não olha para o chão;, diz o artista. ;Você está prestando atenção na sua vida? Essa é a pergunta.;
O barato de Magalhães é estar na rua. As fotos expostas na UnB foram realizadas em 10 cidades brasileiras, além de Madri, Barcelona, Berlim, Dassau, Munique, Vienna. No total, o artista mantém um arquivo de cerca de 300 imagens, embora apenas 30 estejam na exposição. Durante as andanças, ele reparou que cada cidade tem seu desenho de bueiro e que as interferências também variam de acordo com a cultura local. Magalhães conta que, por exemplo, em Berlim, as tampas dos bueiros são decoradas com referências urbanas e arquitetônicas da cidade e em Tóquio, todas são trabalhadas como objetos de arte. ;A beleza está, às vezes, em lugares banais, mas a gente não vê;, garante o artista.
Bueiros do mundo
Exposição de Alexandre Magalhães. Visitação até 30 de outubro, de segunda a sexta, das 14h às 19h, na Sala 33 da Faculdade de Arquitetura da UnB (Campus Darcy Ribeiro, ICC Norte)