postado em 27/10/2015 07:01
O teatro veio muito antes. Entre outros, por conta da imediata relação com atores, diretores, som, luz e dramaturgia, as artes cênicas influenciam o cinema desde a concepção. São muitos os cineastas que recorrem ao teatro na elaboração de suas obras, seja de forma mais ou menos intensa. A amálgama, no entanto, ganhou ares mais contundentes recentemente, a partir da proposta de diretores que desejam transgredir a mera influência entre as duas áreas e provocar algo a partir da conjunção das expressões.
Caso da carioca Christiane Jatahy, considerada referência máxima no âmbito do flerte entre cinema e teatro. No trabalho E se elas fossem para Moscou?, que abriu a última edição do Cena Contemporânea, Christiane eleva o debate às últimas consequências ao produzir, simultaneamente, um espetáculo teatral e um filme.
[SAIBAMAIS]
A peça, apresentada em uma sala de teatro tradicional, é filmada e editada ao vivo, sendo projetada em uma sala de cinema ao lado. Públicos e obras distintas. ;São resultados diferentes. O ideal é que o espectador tenha a possibilidade de experimentar as duas linguagens;, sugere a diretora, em entrevista ao Correio.
Sempre envolta pelos palcos e pelas telas, Christiane nunca conseguiu se desassociar de um ou de outro. Pelo contrário, prefere caminhar por entre eles. ;O cinema aparece em minha vida há muitos anos e foi capítulo fundamental na minha formação. O teatro é onde me expresso, foi onde cresci. Duas expressões que sempre me acompanharam. E todo o meu trabalho parte de indagações. No caso: ;Como posso experimentar essas duas formas? E estar entre elas?;;.
Movida pelos questionamentos, a carioca acaba por adentrar o local que mais a interessa, em termos artísticos, ;as linhas de fronteiras;. ;Quero esbarrar com esses lugares ainda não descobertos;, diz.