O registro dos ventos criativos que levaram os Rolling Stones à inspiração do hit Sympathy for the devil, filmado por ninguém menos do que Jean-Luc Godard, no documentário One plus one (1968), é apenas um dos apelos da mostra Jean-Luc Cinéma Godard, a partir de amanhã, no Centro Cultural Banco do Brasil. Raras também serão as exibições de episódios da série Histoire(s) du Cinéma, com concepção de Godard. A série examina tópicos diversificados do cinema, que renderam mais de quatro horas de material, durante pesquisa feita pelo cineasta. Traz uma narrativa explosiva que incorpora pintura e jazz, entre vários elementos.
No compêndio visual da mostra do CCBB, integrado por mais de 100 produções, há peso de um cineasta tão proeminente que dialoga, em forma de filmes epistolares, com personalidades tão díspares quanto o presidente da Indonésia (persuadido a libertar um ativista político, no curta Pour Thomas Wanggai) e os diretores do Festival de Cannes (evento que Godard ajudou a consolidar), em Khan Khanne (2014). O passeio pela filmografia do diretor, que neste ano completará 85 anos, é pontuado por clássicos como O desprezo (1963), em que Brigitte Bardot, na trama, uma estrela de cinema, se deixa contaminar pela ambição de um produtor e de um cineasta que pretendem verter Odisseia para as telas. Ainda na programação, Notre musique (2004) valoriza a ficção, para retratar planos bem distintos de inferno, purgatório e paraíso (saídos da escrita de Dante), mas atualizados por Godard.
[SAIBAMAIS]Ao lado de outro sagitariano ilustre, Woody Allen, Godard examina traços da genialidade do norte-americano no curta Meeting WA (1986), sem ocultar a sabedoria dele próprio. Para um cineasta que chegou ao refinamento de dirigir uma personalidade como Fritz Lang (como em O desprezo), fica difícil se manter impassível, com a expectativa de assistir a produções como Scénario de Sauve qui peut la vie, datado de 1979, e Passion (1982), ambas detidas em bastidores e processos de desenvolvimento da sétima arte, sem contar o impacto de King Lear (1987), por si só tumultuado por abordar a inquietação advinda de tragédia nuclear presente em Chernobyl.
Na questão de a vida incorporar a arte (e vice-versa), o ícone universal da arte Godard teve seu filme Bando à parte (de 1964) homenageado até mesmo pelo gigante Bernardo Bertolucci, em Os sonhadores (2003). Já Le pont des soupirs (2014) mostra seu apreço por estar em filmes de criação coletiva. O curta dirigido por ele foca a emblemática fotografia de Sarajevo (durante a Guerra da Bósnia).
Não perca!
Mulheres e independência
; Uma mulher é uma mulher (1961)
; Une femme coquette (curta de 1955)
;Une femme mariée (1964)
Crimes compensam?
;Acossado (1959)
;O demônio das onze horas (1965)
Impulsos sexuais
La paresse (num filme de episódios, de 1961)
Je vous salue, Marie (1983)
Censura futurista
; Alphaville (1965)
; Anticipation ou l;amour em l;an 2000 (curta, de 1967)
Guerra como fim
; Le nouveau monde (curta, de 1962)
;Tempo de guerra (1963)
Adversidades da natureza
; Opération Béton (curta, de 1954)
; Une histoire d;eau (1958)
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