Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Cultura do RPG de mesa ainda persiste em grupos de amigos

Longe dos aplicativos e videogames, eles se reúnem para criar histórias de ação e suspense


Você é um lobisomem de 22 anos que tenta levar uma vida normal em Seatle, nos Estados Unidos. Sempre fugindo de inimigos que caçam sua raça, está passeando tranquilo por um parque durante uma noite fresca. ;Faz o teste de percepção;, diz o mestre em jogo. Sendo assim, você joga os dados e vê se obteve os pontos necessários. ;Três sucessos. Você vê um assassino vindo na sua direção. O que você faz?;.

Essa é a rotina de jogadores de RPG de mesa. Na era da tecnologia, algumas pessoas abrem mão dos videogames com gráficos impecáveis para criar uma realidade imaginada por vários jogadores que vivem uma mesma história. Em situações fantásticas que incluem fadas, vampiros, fantasmas e os mais variados seres mágicos, brasilienses criam personagens, dramas, poderes e pontos fracos para, em grupo, viverem uma saga compartilhada.

As histórias são baseadas em livros voltados para os jogos. Lá, o universo, os poderes, as regras e criaturas são explicados e apresentados para os mestres ou narradores, responsáveis pelo jogo. O professor de inglês, Victor Moura, é jogador há 15 anos e possui uma vasta coleção de livros de RPG. ;Existem vários universos. No Brasil, um dos mais conhecidos é o Dungeons & Dragons, mas eu gosto de narrar Storytelling (outra linha de RPG);, explica.

Em seu universo, as histórias se passam na atualidade e exigem um grande grau de interpretação dos jogadores. ;Eu gosto que as pessoas interpretem seus personagens. O sistema que uso é exatamente sobre contar histórias, nós vivemos como em uma série de televisão;. Fã dos blockbusters de Hollywood, o professor usa todos os recursos para criar uma atmosfera épica em seus jogos. ;Eu divido as histórias em temporadas e gosto de usar músicas de abertura, chamadas e uma espécie de trailer no Facebook e até o momento do ;anteriormente;, para relembrar os episódios anteriores;, conta.

O contador Marcos Lima, 24 anos, é um dos jogadores de Victor. ;Eu acho o RPG muito divertido. Além de entreter é também uma válvula de escape;, analisa. Jogador há 2 anos, ele acredita que o diferencial para um bom jogo é o mestre entender as regras e verdades do universo do jogo. ;Não é só dar uma olhada na internet e querer jogar. O mestre tem que saber o que está fazendo;, completa.

Os sistemas


Para jogar RPG é preciso escolher um sistema. Ele define as leis naturais da sua realidade como quais criaturas existem, poderes regras, dados e estilo de jogo. Existem no mercado várias opções de sistemas. Confira algumas:

Storyteller e o Storytelling
Esse sistema é também chamado de Mundo das trevas, sendo Storyteller a versão antiga e Storyteller a atualização. O universo continuou o mesmo, só algumas regras e histórias mudaram com a nova versão dos livros. Aqui o jogador tem mais espaço para interpretação e os jogos são mais realistas. Os livros também são vários: Lobisomen, Vampiro, O retorno do Dragão, Changeling, Nosferatu, Mumia e outros.

Deamon
Totalmente brasileiro, é uma versão nacional dos Story;s. Jogos realistas e com muita atuação. A vantagem desse sistema é a disponibilidade. É possível encontrar muito material gratuito disponível na internet. Os livros giram em torno de Anjos e Demônios, mas com espaço para vampiros, deses mitológicos e outras aventuras.


Dungeons & Dragons

O clássico pioneiro do RPG no mundo, esse sistema é mais medieval, com criaturas de todos os tipos imagináveis e tem como base a jogada de dados, pontos de experiência e avanço de poderes e personagens. Esse sistema foi quem inspirou o desenho Caverna do dragão. Feiticeiros, elfos, dragões; Esse universo é o mais antigo e um dos mais ricos em opções de personagens e jogos.

3d

Um dos sistemas mais simples. As regras e dados são tranquilos e os jogos se baseiam mais na diversão e a introdução ao vasto mundo do RPG.

A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui.