A americana foi ovacionada. Na plateia, muitos não contiveram as lágrimas, como a atriz Kerry Washington. O discurso carrega uma força política que vai além do preconceito racial, evidente no meio audiovisual. Muitas vezes, mesmo em questões de gênero e em movimentos que pregam a igualdade, como o feminismo, mulheres negras são invisibilizadas. Ainda que a realidade norte-americana tenha diferenças em relação à brasileira, Davis lançou luz sobre questões universais. Nas estatísticas, são elas quem mais morrem pela clandestinidade dos abortos. São, também, a maioria entre as empregadas domésticas, muitas em regime que se assemelha ao trabalho escravo.
;Quando celebramos Viola e outras mulheres negras fazendo história em Hollywood agora, vamos nos lembrar também da força emocional, da postura visceral e da raiva elegante daquelas que vieram antes de nós;, pontou, em artigo publicado no britânico The Guardian a ativista Rebecca Caroll, uma jornalista feroz no combate ao racismo. Nas redes sociais, o apoio a Viola foi irrestrito.
Do cinema para a tevê
Indicada ao Oscar e vencedora de dois prêmios Tony pela atuação na Broadway, Viola Davis precisou recorrer à tevê para chamar a atenção de Hollywood. São muitas as séries que carrega no currículo ; New York Undercover, City of Angels, Third Watch e, mais conhecidas no Brasil, Law & Order: Criminal Intent e CSI.
Antes de ganhar projeção em produções para as telinhas, a atriz teve uma longa imersão no mercado cinematográfico, que vai do pequeno papel em Onze homens e um segredo (2001) à participação no longa Histórias cruzadas (2012). A atuação foi marcante o suficiente para render uma indicação ao Globo de Ouro, ao Bafta e ao Oscar, em que concorreu com Meryl Streep, Philip Seymour Hoffman e Amy Adams.