Diversão e Arte

Artista plástico candango apresenta obra feita de clips de papel no Rio

A peça tem 14 metros de comprimento e é a maior já feita por Sanagê

postado em 03/09/2015 07:41

Sanagê sempre achou a forma do clip de papel uma coisa curiosa. Além de o objeto ter a proporção áurea tão cara à arte, cumpre a função de prender sem ter em seu mecanismo uma mola ou um motor. Fascinado por essas características, o artista tomou o clip como uma referência para suas esculturas e é com a ideia de que a mecânica do objeto pode servir para tudo que ele construiu, em seu ateliê no Lago Sul, a escultura que apresenta este mês na TRIO Bienal, no Rio de Janeiro.

A mostra de arte tridimensional conta com a participação de 180 artistas e Sanagê se impôs um desafio para construir a escultura a ser montada no Museu Histórico Nacional, na capital fluminense, a partir de amanhã. A peça tem 14 metros de comprimento e é a maior já feita pelo artista. A forma do clip, ele garante, pode ser reconhecida em uma primeira mirada, mas nem sempre é o caso com as obras de Sanagê. ;Tem uns 40 anos que desenvolvo meus trabalhos a partir do clip;, destaca. ;Mesmo quando você não vê o clip, ele está lá. Parto dele para a construção da minha poética.;

A exposição no Rio reúne obras de artistas como José Rufino, Reginaldo Pereira e Fábio Carvalho em 11 instituições, incluindo espaços como o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), Paço Imperial, Museu Nacional de Belas Artes e Museu Histórico Nacional. Com o tema Quem foi que disse que não existe amanhã? e curadoria de Marcus Lontra, a mostra tem o propósito de celebrar a cidade do Rio como local no qual surgiram alguns dos mais importantes movimentos escultóricos da arte brasileira.

[SAIBAMAIS]A peça de Sanagê selecionada para a bienal foi pensada para ocupar um espaço aberto. ;Entre 180, eu preciso aparecer né?;, brinca o artista, que ainda precisa administrar a logística de transporte da escultura. Funcionário aposentado do Banco Central, Sanagê sempre teve uma atividade artística paralela. Antes, era a fotografia. Há cinco anos, concluiu o curso de arte na Faculdade Dulcina de Morais e passou a se dedicar à escultura em metal. Primeiro, trabalhava com clips de papelaria mesmo.

Aos poucos, a atividade na oficina de serralheria cresceu e a obra de Sanagê tomou outros contornos. As esculturas não têm, por exemplo, compromisso com uma base fixa ao chão. Os tamanhos nunca passaram de cinco metros, até o convite para a bienal no Rio. ;Está sendo um megadesafio e, a partir dele, posso ir estabelecendo outros desafios. Gosto de viver essa necessidade de estar experimentando e descobrindo coisas. E esse trabalho me deu a oportunidade de fazer isso;, explica. Ele gostou tanto que começou uma segunda obra de grandes proporções, uma escultura de 12 metros de comprimento para ser instalada próximo ao Pavilhão Anísio Teixeira, na Universidade de Brasília (UnB).

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