O principal evento de teatro do Distrito Federal nunca esteve preocupado em somente entreter o espectador. Ao longo dos últimos 20 anos, o Cena Contemporânea se consolidou como um período de provocações e debates, a partir do palco. A 16; edição, que inicia hoje e celebra as duas décadas de história do evento, faz jus ao legado.
Companhias brasileiras e estrangeiras voltam a se encontrar na capital federal e fazem das artes cênicas uma prioridade pelos próximos dias. A programação do Cena 2015 trará uma discussão em torno do teatro contemporâneo e do chamado ;teatro puro;. De um lado, peças com intervenções tecnológicas, fusões com o cinema e interações virtuais com a plateia. De outro, um artista diante de um público. Tendo o palco, a luz e o corpo como elementos de trabalho. E mais nada.
Nome recorrente do evento, o produtor Alaôr Rosa assumiu o desafio de coordenar o Cena Contemporânea ao lado de Michele Milani, depois da saída do fundador e diretor-geral Guilherme Reis, que tomou a frente da Secretaria de Cultura no começo do ano. ;O estímulo foi enorme. Deixou-me ainda mais motivado a buscar resultados;, comenta Alaôr, que teve que deixar as coxias do Cena e assumir papel principal nesse enredo.
Além da coordenação, Alaôr foi encarregado da curadoria do festival e contou com o apoio do diretor Francis Wilker. ;Toda a programação me agrada, claro, mas há alguns destaques que devem surpreender o público este ano;, antecipa o produtor. Entre as peças, Alaôr ressalva a participação da companhia Amok Teatro com Salina (A última vértebra), ;uma epopeia africana com mais de três horas e que traz apenas atores negros no elenco;; a força do teatro espanhol, representado por dois grupos; e a apresentação de The mother, um texto de Stanislaw Ignacy Witkiewicz jamais visto no Brasil. No palco, a atriz polonesa Jolanta Juszkiewicz, um dos mais celebrados nomes do teatro mundial.
A abertura oficial, para a qual não há mais ingressos disponíveis, ficou a cargo da carioca Christiane Jatahy. A artista responde pelas concepção e edição ao vivo de E se elas fossem para Moscou?, na qual mescla teatro e cinema ao produzir, simultaneamente, uma peça e um filme. Detentora dos principais prêmios de teatro no país, Christiane compartilha o holofote da noite de estreia do Cena Contemporânea com os artistas da Casa da Cultura Brasília, que apresentam a ópera Albert Herring em Ceilândia. Uma iniciativa inusitada, já que geralmente um único espetáculo era programado para a primeira noite. Mas tradição não é a palavra de ordem no Cena. A não ser que seja para quebrá-la.
Companhias brasileiras e estrangeiras voltam a se encontrar na capital federal e fazem das artes cênicas uma prioridade pelos próximos dias. A programação do Cena 2015 trará uma discussão em torno do teatro contemporâneo e do chamado ;teatro puro;. De um lado, peças com intervenções tecnológicas, fusões com o cinema e interações virtuais com a plateia. De outro, um artista diante de um público. Tendo o palco, a luz e o corpo como elementos de trabalho. E mais nada.
Nome recorrente do evento, o produtor Alaôr Rosa assumiu o desafio de coordenar o Cena Contemporânea ao lado de Michele Milani, depois da saída do fundador e diretor-geral Guilherme Reis, que tomou a frente da Secretaria de Cultura no começo do ano. ;O estímulo foi enorme. Deixou-me ainda mais motivado a buscar resultados;, comenta Alaôr, que teve que deixar as coxias do Cena e assumir papel principal nesse enredo.
Além da coordenação, Alaôr foi encarregado da curadoria do festival e contou com o apoio do diretor Francis Wilker. ;Toda a programação me agrada, claro, mas há alguns destaques que devem surpreender o público este ano;, antecipa o produtor. Entre as peças, Alaôr ressalva a participação da companhia Amok Teatro com Salina (A última vértebra), ;uma epopeia africana com mais de três horas e que traz apenas atores negros no elenco;; a força do teatro espanhol, representado por dois grupos; e a apresentação de The mother, um texto de Stanislaw Ignacy Witkiewicz jamais visto no Brasil. No palco, a atriz polonesa Jolanta Juszkiewicz, um dos mais celebrados nomes do teatro mundial.
A abertura oficial, para a qual não há mais ingressos disponíveis, ficou a cargo da carioca Christiane Jatahy. A artista responde pelas concepção e edição ao vivo de E se elas fossem para Moscou?, na qual mescla teatro e cinema ao produzir, simultaneamente, uma peça e um filme. Detentora dos principais prêmios de teatro no país, Christiane compartilha o holofote da noite de estreia do Cena Contemporânea com os artistas da Casa da Cultura Brasília, que apresentam a ópera Albert Herring em Ceilândia. Uma iniciativa inusitada, já que geralmente um único espetáculo era programado para a primeira noite. Mas tradição não é a palavra de ordem no Cena. A não ser que seja para quebrá-la.
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Celebração contida
Incontestável o legado do Cena Contemporânea. Durantes as duas semanas do festival, o Distrito Federal se debruça integralmente sobre o teatro em suas mais diversas formas. O evento acaba por contrastar uma realidade que paira no restante do ano. Salas vazias, falta de público, sessões únicas, ausência de interesse da população são subvertidos e nos vemos diante do oposto: ingressos esgotados, filas de espera e os espetáculos na ponta da língua das rodas de bar.
Acima de tudo, um ode ao artista brasiliense, que tem a chance de se aperfeiçoar e entrar em contato com mestres da dramaturgia nacional e internacional. Nas últimas duas décadas, todos passaram por aqui. Uma troca única, que enriquece nossa flora artística e engrandece os talentos cênicos da capital.
O atual panorama amargo, no entanto, traz uma mácula para esta edição comemorativa: os principais e grandes espaços estão fechados. Assunto recorrente, mas que volta à tona quando o maior festival da região deixa de contar com o Teatro Nacional ou com o Espaço Cultural Renato Russo.
Em termos de política cultural, inclusive, uma pena que o Cena não sensibilize as autoridades competentes. O teatro pode ser um belo local de debate, de ávidas discussões, de intercâmbio intelectual e de formação cidadã, como se percebe nos dias por vir. Mas precisa se alastrar para as escolas, para as iniciativas pedagógicas e não se restringir ao Cena em si. O fardo não lhe cabe.
Esta 16; edição acerta ao investir na descentralização e convida os espectadores a ocuparem as cidades do DF. Deveria, até mesmo, ter deixado a abertura oficial para o Gama, Taguatinga ou Ceilândia, e não para a Funarte. Com o precário equipamento cultural à disposição, talvez seja a hora de o Plano Piloto sair do eixo. E o Cena é uma bela oportunidade de se colocar o hábito em prática. (Diego Ponce de Leon)