Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Karina Buhr conversa com o Correio sobre a carreira

Cantora, musicista, atriz e escritora fala sobre o seu recém-lançado livro Desperdianço rima, do qual também foi ilustradora

Ela é cantora, musicista, atriz e lançou recentemente o primeiro livro, Desperdiçando rima, do qual também foi ilustradora, e que reúne músicas, cartas, crônicas e desenhos. A multiartista, nascida em Salvador, teve o terceiro livro mais vendido na Festa Literária de Paraty de 2015 e afirma que seu processo de criação sempre envolveu diferentes expressões artísticas simultaneamente. Karina Buhr é conhecida por apresentar não apenas seus trabalhos, mas também por investir em lutas políticas e por disseminar e defender sempre suas ideias.

Você é vista como um ícone feminista pelo público. Você buscou essa posição ou surgiu naturalmente? Qual a importância de
difundir essas ideias atualmente?

Essa posição foi vindo naturalmente, eu não tenho vontade de ficar construindo alguma imagem. Sempre falei sobre essas coisas na vida, mesmo antes de ser artista, mas minha ideia de feminismo é que um dia a gente não precise mais ser feminista. O ideal é que seja tudo tão normal e cotidiano que a gente não precise mais se defender quanto a isso. Vamos ser feministas enquanto for preciso. É um saco bater sempre na mesma tecla? Sim, mas é um saco maior ainda passar pelas coisas que as mulheres passam, então vamos continuar.

Já foi cobrada pela família ou pela sociedade para ser mais feminina? Acredita que rotular comportamentos e características como femininas ou masculinas ainda é um tabu presente na sociedade?
Ainda está muito presente, tanto que é uma luta muito grande a de quem tenta acabar com o preconceito de transfobia, homofobia, pois tudo isso está impregnado no machismo. Desde quando você nasce menina, com tudo rosinha, mesmo que hoje já não seja proibido fazer isso ou aquilo, ainda tem o preconceito de quem pode fazer o quê. Foi isso que vivi na minha vida, as meninas que iam jogar futebol ou ser cientistas, eram as que quebravam todas as barreiras possíveis, porque as condições e direitos não eram iguais. Essa ideia do que é de homem e o que é de mulher é que atrapalha tudo. Existe esse mito de que homem é irresponsável, imaturo e, para as mulheres, têm aquilo de serem maduras, maternais. Qualquer pessoa pode ser as duas coisas.

Você costuma defender suas causas políticas publicamente, acredita que esse seja um dever do artista? De que maneira a arte pode ajudar a propagar seus próprios ideais?
Acaba que como artista, quando você fala das suas questões, seja em uma música ou em um show, e isso acaba se espalhando. Quando escrevo em redes sociais, o tema se espalha mais rápido ainda. Assim, você acaba disseminando o seu trabalho e suas ideias, mas acredito que é de cada um, não precisa de uma regra. Tem gente que faz muito sem falar tanto, tem gente que fala muito mas é superficial, tem gente que faz os dois. Acho que é uma obrigação de todo mundo, não só do artista. Muitas vezes o seu público pode não concordar com suas ideias, mas é importante espalhar.

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