Há quem diga que o sentimento de impunidade é o câncro que impede a evolução do Brasil. A sensação de que atos de corrupção e crimes de colarinho branco passam impunes permeia grande parte da opinião pública, mesmo em meio a acontecimentos recentes que tentam provar o contrário, como as reviravoltas da Operação Lava-Jato, que levou o ex-ministro e fundador do PT José Dirceu de volta para a cadeia. Ao menos na ficção, a corrupção está com os dias contados. E o anti-herói que dizimará ministros, lobistas, deputados, donos de empreiteiras e até o presidente responde pelo nome de O doutrinador, história em quadrinhos que chega às prateleiras do país este mês.
O motor da trama é um sentimento parecido com o que sustentou a HQ oitentista V de Vingança, de Allan Moore e David Lloyd (DC Comics). O personagem que mata corruptos é um velho soldado do Exército brasileiro. Tem sede de justiça e, se preciso for, assassina corruptos a sangue frio, como uma espécie de Robin Hood levado a extremos. Criação do designer carioca Luciano Cunha, O doutrinador fez sucesso na internet em 2013, quando as primeiras tiras foram postadas nas redes sociais.
Num lance de sorte, o quadrinho foi publicado poucos dias antes de ocorrerem as manifestações que tomaram as ruas do país. A coincidência do timing fez a HQ viralizar. Agora, a obra chega ao mercado, mais uma vez, em um efervescente momento político. ;Foram apenas grandes coincidências. Lancei o personagem numa quinta-feira, em junho de 2013. Na terça seguinte, aconteceu a primeira manifestação, motivada pelo possível aumento das passagens na capital paulista;, recorda o artista.
Parceria
De maneira independente, Cunha conseguiu levar a primeira versão da obra a países como Argentina, Uruguai e Reino Unido. Pouco tempo depois, os roteiros passaram a ser assinados a quatro mãos. Foi quando Cunha firmou parceria com Marcelo Yuka, músico e ativista social conhecido pelo trabalho como letrista da banda O Rappa, do qual fez parte até 2001, mudança que amplificou a história. Dois anos mais tarde, a continuação da graphic novel ganha versão impressa pelo selo Redbox, que lançará simultaneamente a HQ de estreia e a continuação da saga, batizada de Dark web.
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