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A incrível história de sobrevivência deu a volta ao mundo e agora chega aos cinemas com Antonio Banderas como ator principal, mas seus verdadeiros protagonistas, os 33 mineiros do Atacama, se mostram insatisfeitos antes da estreia da produção de Hollywood, nesta quinta-feira no país.
[SAIBAMAIS]Cinco anos depois do deslizamento que prendeu os trabalhadores a mais de 600 metros de profundidade, no fundo de uma velha mina no árido deserto chileno, a esperada estreia do filme encontra seus protagonistas reais insatisfeitos pelos direitos de sua incrível história.
"Os 33", dirigido pela mexicana Patricia Riggen e protagonizado pelo espanhol Antonio Banderas e a francesa Juliette Binoche, além do brasileiro Rodrigo Santoro, terá sua estreia mundial em 6 de agosto. No domingo passado, aconteceu a pré-estreia em um cinema de Santiago.
"Não vou participar desse show", disse à agência de notícias, France Press, o mineiro Luis Urzúa, chefe de turno naquele 5 de agosto de 2010, quando um deslizamento o prendeu junto a seus companheiros no fundo da mina San José, na cidade de Copiapó, em pleno deserto do Atacama, no norte do Chile.
A história parecia se encaminhar para mais uma tragédia. Durante 17 dias nada se sabia sobre eles, e quando a esperança estava prestes a acabar, uma pequena mensagem de vida do fundo da mina, em que afirmavam estar todos bem, provocou uma reviravolta épica na história. Após 69 dias todos foram resgatados sãos e salvos em um final feliz que comoveu o mundo.
Insatisfeitos com os direitos
"A realidade é diferente. E eu prefiro não estar, porque o que preciso é recuperar os direitos da minha história", disse Urzúa por telefone de Copiapó, ressentido pelo que considera a "perda" dos direitos de comercialização da história que protagonizou há cinco anos.
Poucas semanas depois de serem resgatados, em 13 de outubro de 2010, os 33 mineiros fizeram um acordo para ceder os direitos de sua história para um filme e um livro.
Com a assessoria de advogados foi criada uma complexa estrutura jurídica que deixou alguns satisfeitos, mas que para outros os deixou de "mãos atadas".
"Não sei se concordo com o acordo. Temos que esperar que o filme saia e ver como ficamos", disse à AFP o mineiro Carlos Barrios.
"Tudo está super claro", disse Mario Sepúlveda, o mais histriônico do grupo e personagem de Antonio Banderas.
"Alguns voltaram atrás. Este é um negócio e uma vez que começa a dar frutos, se supõe que deva começar a dar lucro para cada um dos nós", acrescentou Sepúlveda.
Sua história na grande tela
Há poucas semanas, grande parte dos mineiros e suas famílias tiveram a oportunidade de assistir o filme. Houve choro e muitos conseguiram se reconhecer na tela grande, nas atuações de atores como Rodrigo Santoro, Adriana Barraza, Kate del Castillo, Gabriel Byrne, Mario Casas, Juan Pablo Raba, Tenoch Huerta e Alejandro Goic, entre outros.
"O filme é forte. Para nós mineiros foi difícil assistir, porque fomos lembrando de tudo. Alguns choraram", disse Barrios.
"É muito próximo da nossa história. Às vezes se diz que os filmes não refletem o que aconteceu na vida real, mas este não. É bem próximo", acrescentou.
"Está extraordinário, lindo. Nos deixa muito bem como país", afirmou Mario Sepúlveda.
O filme, produzido pelo americano Mike Medavoy - indicado ao Oscar em 2011 por "Cisne Negro", com Natalie Portman - foi rodado em 2014 em uma mina de sal na região colombiana de Mecomón e no deserto chileno.
A produtora Alcon Entertainment comprou os direitos de distribuição do filme nos Estados Unidos, onde a estreia está programada para 13 de novembro.
"A equipe dos 33 é a maior e mais bela que existiu. Agora que estupidez e dinheiro nos separem é outra coisa", disse Mario Sepúlveda.
Mas o mineiro lembra: "Para saber a verdade sobre os 33 tem que se fazer uma série, porque cada companheiro tem sua própria história, cada um a viveu de sua própria forma".