Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Relacionamentos múltiplos inspiram produções para tevê e internet

O poliamor põe em prática o conceito de que cada pessoa pode se envolver com quantas pessoas quiser, desde haja consenso



Não existe condição ou terreno ideal para o amor. Apenas se ama, e ponto. Essa é a filosofia por trás do poliamor, que põe em prática o conceito de que cada indivíduo pode se envolver com quantas pessoas quiser, desde haja consenso entre todas as partes. Relacionamentos em que três ou mais pessoas convivem em harmonia crescem no Ocidente e encontram cada vez mais adeptos no Distrito Federal. A cena cultural tem acompanhado a nova configuração social ; que não se limita às fronteiras locais ; e criado conteúdo voltado a esse público consumidor, ou a quem tenha curiosidade sobre o assunto. Em suma, exploram o conceito de que relacionamento, nos tempos modernos, pressupõe diversidade.

[SAIBAMAIS]
O tema ganhou força nas discussões na Câmara dos Deputados sobre a família como entidade social formada por um homem e uma mulher. Disposta a esclarecer dúvidas e preconceitos sobre poliamor, a pesquisadora baiana Mônica Barbosa debruçou-se sobre esses novos arranjos sociais para desenvolver a narrativa Poliamor e relações livres: Do amor à militância contra a monogamia compulsória. Na obra, que foi sua dissertação de mestrado em desenvolvimento e gestão social na Faculdade de Administração da Universidade Federal da Bahia, explica nuances sobre o modo de vida que começa a ganhar respeitabilidade no Brasil, como a diferença entre poliamor e relações livres.

;Relações livres foi um termo adotado pela Rede Relações Livres, um grupo de militância pela multiplicidade sexual e afetiva constituído no Rio Grande do Sul, em 2001. A diferença acontece no nível discursivo;, afirma. ;Entre as pessoas que definem suas relações como poliamorosas, há as que praticam a polifidelidade e também pessoas que desejam formalizar suas uniões perante a lei. Não são regras, nem se pode dizer que essa postura corresponda a uma parcela significativa dos poliamoristas, mas são questões que a Rede Relações Livres refuta com veemência, pois, na visão do grupo, tanto a polifidelidade como o casamento implicam restrições às expressões sexuais e afetivas;, exemplifica.

Em um mundo ainda muito machista, há quem diga que esse tipo de relacionamento gera relações assimétricas em que o homem ainda pode estar em vantagem. Barbosa discorda. ;Numa sociedade machista, o comportamento não monogâmico dos homens é, geralmente, valorizado, e o das mulheres é punido. Quando um homem abre mão da exclusividade sexual e afetiva, em um relacionamento heterossexual, ele rompe com essa lógica e também passa a sofrer punições sociais, porque estabelece uma relação simétrica com sua parceira. Isto não é admitido pelo machismo, que pressupõe a superioridade do masculino sobre o feminino e a posse da mulher pelo homem;, defende Mônica.

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