Adriana Izel
postado em 18/07/2015 07:30
Conhecido por retratar em sua arte o mundo underground, o artista plástico brasiliense Fernando Carpaneda está entre os 16 nomes que participam da mostra Stax: Visions of soul (Stax: Visões da soul, em tradução livre), em cartaz desde ontem e com visitação até 31 de dezembro, no Stax Museu of American Soul Music, em Memphis, Tennessee, nos Estados Unidos.
A exposição apresenta trabalhos inspirados nos artistas que fizeram parte da gravadora Stax Records, onde foram gravados os primeiros álbuns de soul music nos anos 1950 nos EUA. ;Fui convidado pelo curador do museu para participar da exposição. A mostra propõe uma discussão entre arte e música;, explica Carpaneda.
O brasiliense, morador de Nova York, escolheu fazer um retrato da cantora de blues Mable John, de 84 anos, que foi backing vocal de Ray Charles nos anos 1950 e gravou o primeiro CD solo em 1966. ;O retrato que eu fiz foi inspirado em uma das músicas, chamada Don;t hit me no more. A canção fala sobre a violência doméstica contra as mulheres, em uma época que as mulheres não tinha direito algum. A música foi a libertação das agressões e um novo caminho na vida de Mable John;, comenta.
Carpaneda é o único brasileiro que integra o projeto. Para ele, mais importante do que ser chamado para a exposição, foi o fato de que a mostra faz parte do Stax Museu of American Soul Music, um ponto importante da luta dos negros pelos direitos civis nos EUA.
Stax: Visions of soul
Até 31 de dezembro, no Stax Museu of American Soul Music, em Memphis, Tennessee, nos Estados Unidos. Com obras de 16 artistas, entre eles, Aanisah Hinds, Adam Lowenbein, Beau McCall, Celestine Wilson-Hughes, Chompunutt Mayta e Fernando Carpaneda.
Duas perguntas // Fernando Carpaneda
A cultura underground brasileira é parecida com a nova-iorquina?
Sim, acho que alguns pontos são bem parecidos. Sempre vi o movimento underground como uma grande família, sem fronteiras, onde todos se ajudam e lutam por um objetivo em comum. A diferença é que, no exterior, é mais fácil de se produzir eventos, exposições, revistas, etc. Porque o custo é barato, existem muitos espaços direcionados para a cultura underground e pessoas famosas apoiam. Acredito que em alguns anos isso também acontecerá pelo Brasil.
Você lançou um livro. O que conta nele sobre a sua história?
A história em O anjo de butes: uma vida de tintas, sexo e rock;n;oll é um romance punk que começa em 1982, em Taguatinga, e termina em 2002, em Nova York. O livro conta minha trajetória dentro do movimento punk em Brasília passando por São Paulo, Nova York e Londres. Descrevo cenas de sexo explícito, drogas, agressões físicas e rock;n;roll. Ele também aborda a criação e a influência do movimento punk nos meus trabalhos e mostra minha visão sobre artes plásticas e política brasileira, além de contar em detalhes minha vida no submundo das cidades onde vivi. Falo o que ninguém teve coragem de dizer sobre artes plásticas e mostro que a liberdade é possível.
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