Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Novos artistas conquistam público com discos autorais e inovadores

Duda Brack, Caio Prado, Mosquito e Carne Doce apresentam disco de estreia elogiados por público e crítica


O mercado musical independente já não exibe a fragilidade de outrora. Com cada vez mais frequência, jovens artistas têm se dedicado a abraçar um trabalho autoral e, mesmo sem o suporte de grandes gravadoras, conquistado o respeito de público e crítica. Caso da gaúcha Duda Brack. Ela não frequenta o cenário mainstream. Não tem contrato com corporações musicais. Ainda assim, com É, Brack despertou atenção do público para um trabalho coeso.

A maturidade artística foi conquistada a passos lentos. A boa música pediu passagem desde cedo, aos 15 anos. Hoje, garante não ser apenas uma intérprete. ;O cantar e o fazer artístico são arquitetar o universo e fazer as coisas dialogarem, encontrar um lugar meu, onde me sinto menos inadequada no mundo. Isso vai da fonte e do encarte do disco até a forma que vou cantar. Meto o bedelho em tudo;, explica, em entrevista ao Correio. Aos 21, lança o primeiro CD, acompanhada por Gabriel Ventura (guitarra), Gabriel Barbosa (bateria) e Yuri Pimentel (baixo) e com produção de Bruno Giorgi, filho de Lenine. Híbrida entre MPB e indie rock, Duda não assina as letras, mas as toma para si.

A gaúcha comprova em É ter o mesmo domínio vocal que artistas como Bj;rk. É intensa, sem recorrer a falsetes. Brack transforma acordes em uma arquitetura sonora moderna, capaz de reunir opostos como o grunge e a Tropicália. ;A partir da segunda década dos anos 2000, começou-se um processo de entendimento de que a música precisa falar com o agora, com o nosso tempo;, avalia.

É
Primeiro disco de Duda Brack. Independente, 8 faixas. Disponível para download no site www.dudabrack.com.

Outros sons

Delicadeza e força
Variável eloquente
Estreia de Caio Prado. Independente, 10 faixas. À venda por US$ 9,99 no site www.caioprado.com.br.
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Assim que colocar o disco para rodar, pule para a faixa número 8, Não recomendado. Canção que fala de preconceito e superação, diz muito a respeito da obra do artista carioca que, embora esteja no primeiro disco, é conhecido pelos saraus feitos na capital do Rio de Janeiro. Do gênero MPB, o álbum minimalista ganha intensidade com o acompanhamento de um quarteto de cordas, em produção de Clemente Magalhães e Maycon Ananias (que fez todos os arranjos).

Queridinho de Caetano
Mosquito
Primeiro disco de artista homônimo. Sony Music, 13 faixas. Preço médio: R$ 19,90.

Apadrinhado pela Uns e Outros produções (de Paula Lavigne, que assina a direção geral do disco), o cantor e compositor carioca Pedro Assad Medeiros Torres, sob alcunha de Mosquito, começa a carreira no samba de maneira nada tímida. Faixa que compõem o disco, Ô sorte toca na trilha da novela global Babilônia e impulsiona a carreira do talentoso sambista da Ilha do Governador, cercado por bons amigos no debute musical, como Xande de Pilates, na faixa O amor mandou dizer, e Zeca Pagodinho, em Atalho.

Psicodelia e rock;n;roll
Carne doce
Primeiro disco da banda goiana homônima. Indepedente, 10 faixas. Disponível para download no site carnedoce.com.

Formada por Salma Jô (voz), Macloys Aquino (guitarra), João Victor (guitarra e produtor), Ricardo Machado (bateria) e Aderson Maia (baixo), a banda reforça as influências setentistas no primeiro disco. O álbum tem sonoridade nostálgica e cheia de identidade, onde se notam resquícios de músicos como Tom Zé, Rodrigo Amarante e Chico Buarque.