São Paulo ; O baiano Wagner Moura, 38 anos, é o tipo de ator que não mede esforços para interpretar um papel. Em Tropa de elite 2, para ficar grisalho, fez luzes, reflexo e até mechas brancas. Desta vez, para dar vida ao líder de narcotráfico colombiano Pablo Escobar na série Narcos da Netflix, com estreia marcada para 28 de agosto, o artista engordou 20kg, teve que aprender (do zero) a falar espanhol e foi morar por um tempo em Medellín, na Colômbia. Parte disso ocorreu antes mesmo do convite do seriado, que tem José Padilha na direção, se tornar público. Outra característica marcante de Moura é fugir dos estereótipos das celebridades. Ele não se esquiva de nenhuma pergunta, mesmo que seja polêmica. Ao Correio, Wagner Moura fala sobre a nova fase da carreira, tece elogios ao diretor José Padilha e faz questão de se posicionar sobre assuntos como legalização das drogas, desmilitarização da polícia e cinema brasileiro.
O que significa um ator brasileiro interpretar um personagem colombiano tão marcante?
Quando fui a primeira vez para Medellín, não contei para ninguém o que eu estava indo fazer lá. Eu era um brasileiro magro, com 76 quilos e que não falava espanhol; Mas o Zé Padilha, quando me chamou para fazer, ele acreditou. E comigo é assim: se o Zé acredita, eu acredito. Não ia decepcioná-lo. Eu acho que tinha que fazer aquilo que pudesse. Eu tenho muito orgulho desse trabalho e gosto muito do resultado.
Qual é a imagem que resta hoje de Pablo Escobar em Medellín?
Eu fui no Bairro Pablo Escobar, construído por ele. Escobar deu 2 mil casas para os pobres que viviam em um lixão em Medellín. Quando você vai lá, tem uma foto no muro do Pablo Escobar e ao lado a imagem do Menino Jesus. Nas casas tem uma fotografia de Pablo. Ele inventou uma coisa chamada narcoterrorismo. Ele os chantageava metendo bomba na cidade. As vítimas de Pablo são muitas. Por isso, ele é um personagem tão interessante, amado por muitas pessoas e odiado por várias.
[SAIBAMAIS]A série chega num momento em que Pablo Escobar é assunto de outras três produções. Por que as pessoas estão trazendo de novo essa história?
Não sei, eu acho que no caso da gente eu vejo pelo trabalho do Zé. Pelo que conheço dele, essa série é uma ideia dele, que tem essa coisa de querer explicar. O trabalho tem uma estrutura dramática dos arcos que é muito parecido com o Tropa de elite. É essa vontade do Padilha de entender uma realidade e explicar alguma coisa, balanceando esse lado épico com um aspecto dramático mais forte, com ação e com algo que seja atrativo, que tenha entretenimento e, ao mesmo tempo, revele uma realidade política e social. No caso, é entender a origem do narcotráfico no mundo, que é uma coisa que existe até hoje.
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