Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Kkkk, este é o nome do disco de vinil de Oziel Araújo e Milton Marques

Integrantes do coletivo SCLRN, os artistas queriam criar uma música capaz de sintetizar o experimentalismo sonoro com a experiência visual



Oziel Araújo e Milton Marques queriam criar uma música capaz de sintetizar o experimentalismo sonoro com a experiência visual. Como os dois não são músicos, e sim artistas plásticos, o desafio era duplo. Integrantes do coletivo SCLRN, os artistas começaram a experimentar sons, instrumentos e sintetizadores. Oziel toca um pouco de guitarra e teclados, Milton fica com os aparelhos e traz, sobretudo, uma ideia mais plástica para o som. O resultado está em Kkkk, vinil com tiragem de 200 exemplares que a dupla lança hoje na Alfinete Galeria. ;Foram quatro anos trabalhando nesse projeto;, avisa Oziel. ;E o trabalho tem essa coisa de tentar encontrar um outro viés, diferente do que se faz em artes visuais, de se buscar coisas novas;, completa Milton.

Kkkk tem faixas de duração padrão, entre dois e três minutos, e um conteúdo que procura se aproximar da música pop. As letras das músicas levam a assinatura de Oziel e as composições foram feitas em conjunto e contaram, também, com o artista Diego Queiroz. No entanto, quando começou a investir na pesquisa sonora, o grupo criou peças mais longas e experimentais.

A liberdade serviu de base para mergulhar na experimentação sem compromisso com formas e harmonias pré-concebidas. ;A gente não tem vícios musicais, então isso permitiu a liberdade;, explica Milton, que decidiu participar do grupo porque gosta de trabalhar no limite do próprio conforto. ;Minha atividade é sempre muito paralela, então, quando o grupo começou a expandir, vi que podia ir para uma experiência mais musical. Ser artista proporciona uma riqueza que expande para outras áreas.; A prática no ateliê no qual inventa engenhocas a partir de engrenagens recicladas é sempre muito solitário e o trabalho coletivo ajuda a tirar Milton de uma postura mais introspectiva. Ele gosta da sensação. O contato com a música não chegou a ser uma novidade, já que o artista faz experiências com sintetizadores desde 2007.

A intimidade de Oziel com a música vem desde o início do SCLRN, há 10 anos.;Não queríamos fazer uma coisa erudita, então tive a ideia de fazer um vinil para mostrar essas músicas mais curtas.; A proximidade com uma estrutura tradicional, Oziel acredita, pode aproximar o público, mas não se deve esperar das faixas algo convencional. ;Não somos músicos, construímos visualmente a música;, avisa o artista. ;O resultado é elaborado como música, com uma guitarra mais percussiva. É uma música muito coerente com o que é a música pop.; As letras falam do cotidiano e de experiências do próprio Oziel com a cidade e nos relacionamentos com as pessoas. Inteiramente artesanal, o vinil teve 90% do som captado pela dupla e as capas confeccionadas pelos artistas Leopoldo Wolf, Juliana Mundim, Walter Menon e o próprio Milton Marques, que assinam, cada um, 50 exemplares. A ideia é que as vendas dos 200 discos possam bancar a continuidade do projeto.

SERVIÇO
Kkkk
Disco de Oziel Araújo, Milton Marques e Diego Queiroz. Pré-lançamento hoje, às 17h, na Alfinete Galeria (CLN 116, Bloco B). Produção independente. R$ 150