Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Júlia Rabello defende que não há diferença entre humor feminino e masculino

"Concordo com uma máxima que circula no meio, que diz que existe piada engraçada e piada sem graça", define a atriz

A atriz Júlia Rabello se tornou conhecida no meio humorístico ao integrar o canal Porta dos Fundos, ao lado de nomes como Marcos Veras (marido dela), Fábio Porchat, Gregório Duvivier e Clarice Falcão. Desde então, a artista atuou nas séries Vai que cola e As canalhas, além de ter integrado comédias nacionais nos cinemas.

[SAIBAMAIS]Júlia vem sendo apontado como as mulheres do humor de destaque no Brasil. A atriz aparece ao lado de Tatá Werneck, Dani Calabresa e Mia Melló. Participante de um grupo formado tanto por homens quanto mulheres, a atriz afirma descarta que o humor seja um espaço apenas para os homens. "Não costumo pensar nas coisas dessa forma, humor feminino e humor masculino. Concordo com uma máxima que circula no meio, que diz que existe piada engraçada e piada sem graça", afirma.

Em entrevista ao Correio, a artista falou sobre a maior presença das mulheres na comédia e os desafios enfrentados por elas para fazer humor.

Existe diferença entre humor feminino e masculino?
Não costumo pensar nas coisas dessa forma, humor feminino e humor masculino. Concordo com uma máxima que circula no meio, que diz que existe piada engraçada e piada sem graça (acho que foi o Chico Anysio que disse). O meu foco está em ir em busca do humor que faz rir e, de preferência, pensar.

Nos Estados Unidos, existe uma tradição forte que liga a comédia a uma coisa mais masculina. No Brasil, por outro lado, sempre tivemos humoristas mulheres, desde Zezé Macedo, passando por Regina Casé, Louise Cardoso, Débora Bloch, até Ingrid Guimarães e Heloísa Périssé. Você acha que no Brasil há mais espaço para a mulher no humor?
Com certeza nós mulheres temos espaço para fazer humor no Brasil, não sei se mais ou menos que nos Estados Unidos, pois lá existem ótimas comediantes também. Mas ainda podemos conquistar algumas coisas a mais. Não sinto tanta limitação com relação aos temas, mas temos que ser sagazes na forma de abordar alguns assuntos, que, no caso, se fossemos homens, não precisaríamos ser tão cautelosas.

Você integra o Porta dos Fundos, que tem feito um humor mais liberal. Você acha que o humor brasileiro está se modernizando?
Ainda estamos aprendendo a lidar com as consequências disso. O humor é um dos melhores exercícios para a inteligência. Acho importante para o amadurecimento do país que ele seja diversificado e atual.

Há um grande debate sobre os limites do humor, até onde o comediante pode ir para não ofender. Você acredita que esse limite é mais estreito para uma mulher humorista?
Sim, ainda é bem diferente e acho que é nisso que temos que trabalhar para ajustar. Acho que temos que ser muito espertas, inteligentes e sofisticadas (mesmo que para fazer humor grosseiro) para conseguirmos fazer graça e não sermos tachadas de vulgar, galinha ou outros adjetivos sem sentido. Mas são as dificuldades que apuram não é? Vai ver que é por isso que o Brasil pode se orgulhar de ter gerado grandes comediantes.

Quem você admira entre as mulheres que fazem humor atualmente?
Aqui no Brasil, muitas e é melhor nem citar, porque a lista é grande e não gostaria de esquecer ninguém. Mas vou falar das que ultimamente tenho acompanhado e curtido muito: Luana Martau e Monica Iozzi. Duas mulheres lindas, extremamente inteligentes e que fazem superbem todos os tipos de humor. Fora do Brasil, tenho acompanhado tudo da Kristen Wiig e a Melissa McCarthy. Sem esquecer é claro da Tina Fey.

Colaborou Anna Beatriz Lisbôa