postado em 13/06/2015 07:31
Esqueça aquele fado com jeitão de antigo, vestido de preto e sofrido. Aos 33 anos, em seu terceiro disco, a lisboeta Cuca Roseta vem para mostrar que o gênero musical mais célebre de Portugal pode, sim, ser alegre. Não à toa, ela batizou o mais recente trabalho de Ri;. ;Rio de morrer, a rir ainda vou ressuscitar;, canta Cuca na faixa de abertura, em letra escrita por ela. A falta de sisudez no som da bela portuguesa tem ; além, claro, da personalidade solar da artista ; vestígio de terras brasileiras.
;Sabe qual foi o primeiro show a que assisti na vida?;, pergunta ela, animada, ao telefone. ;Daniela Mercury;, responde, orgulhosa. Além da tradicional escola portuguesa e do jazz, Cuca Roseta tem nos brasileiros algumas das maiores inspirações. É ela quem diz. ;Adoro Beatles, Michael Jackson, Nat King Cole, Frank Sinatra, Edith Piath, Amália Rodrigues e; Maria Bethânia.;
[SAIBAMAIS]A lista dos brasileiros admirados por ela é tão vasta que vai de Tom Jobim a Cidade Negra, passando por Elis Regina, Seu Jorge e Ivete Sangalo. A intimidade com nossa música popular fez com ela escolhesse um mestre da produção para tocar seu novo projeto musical: Nelson Motta. O jornalista, que trabalhou com Elis Regina e Marisa Monte, entre outros, relutou um pouco antes de embarcar na empreitada. Mas foi só um pouco.
;Como uma onda (de Nelson e Lulu Santos) fez muito sucesso em Portugal. Eu conhecia um pouco do trabalho dele e, em uma entrevista que ele deu, me citou em uma nova safra de cantores, por conta de minha participação do filme Fados, do Carlos Saura;, conta Cuca. ;Surgiu interesse de minha parte em trabalhar com ele, mas os anos passaram. Um dia, ele me ligou dizendo que estava em Lisboa e queria jantar comigo para falar sobre um projeto. Eu estava começando a gravar meu disco e procurava um produtor brasileiro, pois disseram que minha musica lembrava um pouco a música do Brasil.;
Duas perguntas / Cuca Roseta
O disco recém-lançado por você traz este conceito novo de world fado, que busca ;aportuguesar; músicas de outros lugares. Fale um pouco sobre a sonoridade deste projeto.
O fado é Patrimônio Imaterial da Humanidade e tem conquistado o mundo. A verdade é essa. Tem muita gente que não conhece a nossa língua, mas se apaixona pela música. Assim como o flamenco ou o tango, o fado é uma música muito intensa, apaixonante, que deixa as pessoas muito rendidas. Neste disco, trazemos até o fado diversas culturas, como a canção italiana, sambas antigos do Brasil, música da África e composições do uruguaio Jorge Drexler e do canadense Bryan Adams. Percebi que o fado tem uma essência muito forte mesmo se misturando a outros gêneros musicais. Este disco é uma viagem pelo mundo, que nos faz sonhar. É um disco muito positivo, que mostra o fado alegre.
Você convive com artistas portugueses da nova geração, como Carminho e António Zambujo?
Somos todos muito diferentes musicalmente, o que torna essa geração muito interessante. O Zambujo tem um cruzamento de fado com bossa nova, a Carminho faz um fado mais tradicional. O meu fado tem um pouco mais da escola da Amália Rodrigues, com influencia do jazz. Cada um de nós tem suas influências e acaba por criar seu próprio fado, o que chama públicos diferentes. Conheço Zambujo e Carminho há muito tempo. Portugal é muito pequenino, somos muito amigos. Ana Moura é uma das grandes referências de Portugal nesse momento.
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