Se com Deus me guardei?
É O que eu me sonhei que eterno dura,
É Esse que regressarei;
André Luiz Oliveira já havia cruzado com a obra do poeta português Fernando Pessoa, mas quando ouviu Caetano Veloso recitar com veemência os versos ao lado, dentro da canção É proibido proibir, teve a certeza de estar diante de algo que, dali em diante, mudaria sua vida. ;Ouvi aquilo e fiquei completamente fascinado;, diz ele. Era 1968, um ano antes de o baiano André Luiz conquistar o país com o experimentalismo do longa-metragem Meteorango Kid.
No fim da década seguinte, por volta de 1977, André Luiz Oliveira mudou-se para Lisboa, onde teve ainda mais contato com a obra de Fernando Pessoa e a atmosfera erigida por ele em suas poesias. Tratou de comprar seus livros e aprofundar-se nos escritos do português. A imersão foi o pontapé para um projeto literário-musical que consumiria cerca de 30 anos para ser finalizado, e que vem a público na íntegra nas próximas semanas.
Em 1985, André Luiz começou a musicar os poemas do livro Mensagem, o único lançado por Fernando Pessoa em vida. O projeto saiu em disco no ano seguinte, com 12 poesias. A segunda parte só viria a público em 2002, com outras 14 peças. Agora, o cineasta apresenta a obra completa. Os trabalhos anteriores, que se tornaram raros por conta da pequena tiragem, e os 18 poemas de Mensagem que restavam serão lançados em CD por uma grande gravadora, com previsão de chegar às lojas em setembro.
;Eu tinha uma relação forte com a música antes de me tornar cineasta, mas o destino acabou fazendo com que eu me envolvesse com o cinema muito cedo;, diz o diretor de Louco por cinema e Sagrado segredo, de 77 anos, radicado em Brasília desde 1991. Contudo, apesar de ter musicado as criações do poeta português, não é o cineasta quem canta. Ele cercou-se de alguns dos mais importante nomes de nossa música para realizar o projeto. Gal Costa, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Ney Matogrosso, Moraes Moreira e Fagner estão entre eles, além de fadistas portugueses. Alguns dos arranjos foram feitos por Francis Hime e Leandro Braga.
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