Na tevê, atrações como Zorra total perderam audiência ao preferir piadas leves e enredos amenos. O comediante Paulo Gustavo brinca com a figura do bêbado ao volante no stand-up Hiperativo, mas alerta o público que ;não se deve dirigir ao ingerir bebida alcoólica;. Rafinha Bastos responde por alguns processos, por conta dos supostos excessos cômicos. Expressões como ;preto;, ;aleijado;, ;bicha;, ;gordo;, entre outras ; tão populares em programas como Os trapalhões ;, foram praticamente banidas dos palcos e telas.
Diante das controvérsias, pergunta-se: o politicamente correto está provocando uma censura geral ou evitando estereótipos preconceituosos? Ao limitarmos a arte, avançamos ou retrocedemos na liberdade de expressão? O humorista curitibano Diogo Portugal, um dos principais nomes do stand-up no Brasil, critica as imposições atuais: ;A partir do momento que o artista começa a pensar muito no que pode ou não falar, acaba tirando a verdade do texto. Fica algo plástico. Humor e autocensura não combinam;, opina.
De acordo com o artista, alguns limites devem ser respeitados, mas isso não significa evitar assuntos tabus. ;Creio que seja possível fazer humor com qualquer coisa. Depende apenas da dose de exagero aplicada à piada. Justamente quando entra o talento do comediante em surpreender a plateia;, sugere.
[SAIBAMAIS]O ator, diretor e professor de artes cênicas da Universidade de Brasília (UnB) Fernando Villar parece seguir entendimento contrário. Na verdade, Villar questiona inclusive a própria utilização do termo ;politicamente;. ;Humanamente ou eticamente correto me parecem mais adequados, já que se trata de um cuidado em não querer ver nos outros o que não quer se ver em você. Um respeito ao próximo, à alteridade, à diversidade;, pontuou o professor, antes de acrescentar: ;Se política fosse realmente o exercício da cidadania em prol da população, não questionaria o termo, mas não é o que vemos aqui;.
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