Nahima Maciel
postado em 28/05/2015 08:05
Mario de Andrade terá direito a um retrato de corpo inteiro na 13; edição da Festa Literária Internacional de Paraty. E quem vai ajudar a construir a teia de temas que rodeavam o autor são os 39 autores convidados para o evento. Não que a eles tenham sido destinada a missão de falar sobre o mestre do modernismo literário brasileiro mas, de certa forma, questões que preocupavam Mario nortearam o curador Paulo Werneck na escolha dos autores. Programada para ocorrer entre 1; e 5 de julho, a Flip deste ano vai discutir erotismo na literatura, neurociência, modernismo na América Latina, literatura marginal, poesia do mundo lusófono, afetividade, e ficção, cidades e a escrita.
Esta será a segunda Flip de Werneck e o lado multiartista de Mario de Andrade se reflete na programação. Se na edição de 2014 a presença de profissionais da imprensa no palco era grande graças às origens jornalísticas do homenageado Millôr Fernandes, este ano a diversidade é a marca da festa. ;O próprio homenageado é completamente diferente;, avisa Werneck. ;É engraçado porque os dois eram artistas multitalentos, mas cada um à sua maneira, não dá para comparar os dois, então isso traz uma cara diferente.; Paulo aponta algumas especificidades da festa deste ano. A primeira delas é quanto à vontade de discutir o erotismo na literatura brasileira.
Vertente erótica
[SAIBAMAIS]Eliane Robert Moraes e Reinaldo Moraes vão dividir uma mesa para falar da escrita erótica. ;Acho interessante discutir o que interessa ao leitor quando lê um livro erótico. O que ele procura?;, explica Werneck. ;Com essa mesa, a gente traz um contraponto de alta qualidade ao erotismo comercial, que é o que está dominando. Não é de hoje que o Reinaldo escreve literatura erótica, não é uma moda que ele está seguindo, sempre fez isso. Eliane também, ela estuda Marquês de Sade.; Werneck lembra que Mario de Andrade era enfático ao apontar a necessidade de ;organizar; a pornografia brasileira. ;Ele dizia isso no sentido que outras civilizações como a indiana e a francesa, têm um erotismo organizado e têm quase uma hierarquia, uma ciência erótica. No Brasil, isso ficou disperso, solto. Precisamos organizar nossa pornografia;, aacredita o curador.
A ciência, que também esteve presente em outras Flips, agora ganha um lugar permanente. Werneck garante que, todo ano, haverá algum cientista no palco de Paraty. Desta vez, será o neurocientista Sidarta Ribeiro, que divide mesa com o economista Eduardo Giannetti. A multidisciplinaridade sempre foi uma característica da festa e, desde o início, os curadores garantiram a presença de criadores de outras áreas como música, história, economia, biologia, cinema e fotografia. A música, aliás um tema de estudo para Mario de Andrade, estará presente em mesa de Jorge Mautner e Marcelino Freire.
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