Diversão e Arte

Artista Wagner Hermusche relança série de gravuras sobre céu de Brasília

As imagens foram criadas durante a década de 1980 sobre a magnitude do firmamento e os sinais eletromagnéticos do planalto

Severino Francisco
postado em 04/05/2015 08:00
Noturno: cidade em preto e branco sob a irradiação dos postes e das reverberações luminosas
Na década de 1980, os prédios rareavam, a experiência de solidão espacial era intensa e a magnitude celeste hipnotizava ainda mais. Foi nessa época que o artista plástico Wagner Hermusche iniciou as experimentações que resultaram em uma das mais importantes representações visuais de Brasília. É como se ele injetasse rock;n roll nos céus. As imagens que produz parecem um solo de guitarra de Frank Zappa, desencadeando descargas elétricas, que provocam um curto circuito lírico na paisagem da cidade. Hermusche escolheu quatro gravuras de uma série original de 10, intitulada Sob o céu de Brasília, para relançar em um álbum, impresso com todo esmero e qualidade das técnicas modernas de reprodução.

Neste meio tempo, de 1984 até agora, ele usou outros suportes e linguagens, como o desenho, a pintura, o vídeo e os projetos de instalação. No ano passado, montou uma grande exposição sobre meio ambiente na Alemanha. Decorridos 34 anos, ele se deparou com uma surpreendente contemporaneidade dos trabalhos, mas, por uma questão de viabilidade, decidiu reeditar apenas quatro mais conectados com o momento em que vivemos, bombardeado de sinais luminosos.

Embora possa aparentar fotografia, a gravura intitulada Futuro é um exercício exclusivo de pintura em cima de fotolitos. Hermusche pintou cenas diurnas do planalto e com a ajuda da filha delineou os perfis de quatro crianças, que evocam a clássica representação das raças humanas: a branca, a preta, a amarela e a vermelha. É uma visão bastante idealista, marcada pelos valores da contracultura que influenciou muito o comportamento dos jovens na época.; Nada tem de religioso, mas expressa a dimensão utópica de Brasília como materialização de um Brasil do futuro;.

Hermusche: arte com o som de Frank Zappa na tomada
A gravura Meu universo retrata o entardecer no inverno, com citação as paralelas e coordenadas planetárias. Hermusche Jogou tinta no fotolito e o fundo do céu ficou todo respingado. À direita, pegou a quina de um edifício, uma janela e uma antena antiga de tevê. O aviãozinho é o sinal da vida contemporânea. Em seguida, inseriu algo importante para ele: signos da arte indígena: ; Coleciono arte plumária há muitos anos. No tom sobre tom, usei símbolos primitivos da cultura brasileira. A gente vê o Brasil se afundando no lixo e na corrupção e as culturas indígenas destroçadas pela violência. Sei que isso não vai brecar a barbárie, mas é um gesto simbólico para mim;.

Hermusche incluiu a gravura Antenas e ondas porque ela é um marco. Pela primeira vez, ele representou as ondas, que tiveram tantos desdobramentos em sua produção. As verdes emanam dos apartamentos, e as azuis, do espaço sideral, independentemente da tecnologia: ;Aí, eu tive a percepção de que as ondas eletromagnéticas poderiam se tornar visíveis;.

Sob o céu de Brasília
Lançamento da série de gravuras de Wagner HermuscheLocal: Livraria Cultura (Shopping Iguatemi), em 12 de maio, às 19h. Preço: R$ 150. À venda no Emporium Hermusche (413 Norte) e na Livraria Cultura, depois do lançamento.

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