"Meu foco mais específico foi tentar buscar as críticas que os artistas formulavam em suas composições. Tive que construir um acervo, por isso adquiri CDs, LPs e baixei músicas na internet porque aqui no Brasil não existe um centro de documentação que abrigue a prática musical", explica Camargos.
[SAIBAMAIS]O estudioso, então, buscou canções de artistas como Racionais MC;s, Facção Central e o brasiliense GOG. "Todos esses artistas estão em evidência por ter um potencial crítico. Eles pegam essas questões dos espaços e usar para dialogar com o público", define.
Rap e política: Percepções da vida social política (2015)
De Roberto Camargos. Boitempo Editoral. Preço médio: R$ 34.
Três perguntas // Roberto Camargos
Com o livro Rap e política: Percepções da vida social política, de alguma forma, você queria derrubar alguns preconceitos em relação ao gênero?
Acredito que sim. O livro não tem essa pretensão, mas pode ser um dos elementos de contribuição, por menor que isso seja. Dentro do universo rap existe uma perspectiva de leitura que é muito mais amplaca e, nos últimos anos, começa a demonstrar o peso e os estigmas. O leitor que, eventualmente, tenha algum preconceito ao ler o trabalho pode flexibilizar a sua opinião e mudá-la. Inclusive, no segundo capítulo, o livro passa justamente por essa questão do diálogo entre os críticos e os rappers.
Como você percebe o universo rap hoje no Brasil?
Ele é bastante completo e possui muitas facetas. Acho que cada um merecia um estudo, uma reflexão mais atenta para explorar suas particularidades. É um gênero que está em constante transformação e que expressa os espaços comuns.
Você acredita que o rap brasileiro teve alguma influência do norte-americano?
Não me detive muito nisso durante a pesquisa, mas acho que o internacional serviu como uma referência. A origem pode até ser de outro país, mas é um ritmo de caráter brasileiros com elementos de brasilidade e que referendam a cultura.