Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Cia. Os Melhores do Mundo celebra 20 anos com encontro histórico no Rio

Gregório Duvivier, Paulo Silvino, Marcelo Adnet, Marcius Melhem, entre outros, participaram da apresentação de "Hermanoteu na Terra de Godah"


"Rafinha, veste esta sandália para ver se cabe ou se precisamos de uma maior", pede Adriana Nunes a Rafinha Bastos, que tinha acabado de chegar no camarim. Por lá, o humorista esbarrou com outros colegas do gênero, representantes do melhor da comédia nacional. Na mesma sala, envoltos por comes e bebes, estavam - além de Rafinha - Gregório Duvivier, Marcelo Adnet, Antonio Tabet, Fernando Caruso, Marcius Melhem, Bruno Mazzeo, Robson Nunes, Paulinho Serra, Diogo Portugal e o mestre Paulo Silvino.

Todos reunidos para celebrar um pessoal que ocupava outro camarim, a Cia. Os Melhores do Mundo. E a noite seria histórica para o grupo brasiliense, de um jeito ou de outro. Se não bastasse o elenco especial, a ocasião por si só já merecia festejos. A companhia completou 20 anos de história. A apresentação do dia 21 de abril, no Vivo Rio, foi a catarse de um longo período de comemorações. E a peça escolhida - como não poderia deixar de ser - foi um dos maiores sucessos da trupe, Hermanoteu na Terra de Godah.

Com tantos convidados, tudo estava propenso a dar errado. Mas deu certo. O enredo ganhou intervenções inusitadas de forma a permitir que cada comediante pudesse dar o ar da graça. Claro, nem todos conseguiram decorar as falas a tempo e o script inicial deu lugar a improvisos. O que não foi um problema para nenhum deles. Pelo contrário. A plateia se divertiu com as brincadeiras e, ainda de quebra, testemunhou um encontro inédito com os maiores nomes da comédia brasileira.

Bastidores
Antes do espetáculo, que foi transmitido ao vivo pela tevê, o clima de informalidade reinava pelos bastidores. Com agendas corridas e gravações sem fim, são raras as oportunidades de colocar o papo em dia. E eles aproveitaram.

Os corredores ganharam ares de mesa de bar e o papo rolou solto sobre futebol, trabalho, redes sociais, entre outros, com direito a piadas internas, exclamados palavrões e anedotas impublicáveis. Como se fossem melhores amigos. E muitos ali, de fato, são.

Qualquer traço de nervosismo foi devidamente disfarçado. Enquanto os convidados confraternizavam, Welder Rodrigues, Jovane Nunes, Ricardo Pipo, Victor Leal, Adriano Siri e Adriana Nunes - Os Melhores do Mundo - cuidavam dos últimos detalhes e passavam o texto no palco, sem deixar nada de lado. E ainda conseguiam tempo para correr pelos camarins, distribuir abraços e contar alguns blagues.

Uma piscada de olhos e a tarde virou noite. A proximidade com o início da apresentação despertou um misto de ansiedade e inquietude pelas coxias. Era nítida e contagiante a emoção da equipe técnica e dos integrantes da companhia. Enquanto Vera, a costureira que acompanha o grupo desde os primórdios, dava os retoques finais na roupa de Daniel Boaventura e dizia, em silêncio, o que parecia ser uma prece, o produtor Carlos Rocha andava de um lado para o outro e se certificava de que tudo corria bem. Lá do palco, o diretor Linhos resolvia os últimos ajustes de som e iluminação. Vinte anos de trabalho para chegarem ali.

E valeu a pena. Donos de um humor ácido e rasteiro, a Cia. Melhores do Mundo colocou o Vivo Rio abaixo. E, assim, aqueles seis artistas, acompanhados de um belo reforço, atingiram o objetivo que os carregam há duas décadas: o riso. Foi apoteótico.

// Depoimentos


O Correio passou o dia com o grupo e acompanhou os bastidores dessa festa do humor. Confira alguns bem-humorados depoimentos de quem esteve lá:

"Muito prazeroso estar aqui. Olhe em volta e verá a importância dos caras. Olha quem está aqui. E todos fãs deles, como eu"
Gregório Duvivier

"Em 1997, cruzei com esses caras pela primeira vez. E me apaixonei. Fiquei amigo de todos, tão maravilhosos. O nome é muito bem dado. São os melhores do mundo mesmo! Encontrar essa afinação, essa troca, é muito raro"
Paulo Silvino

"Quando comecei a fazer teatro, eu já escutava falar de Os Melhores do Mundo. Passei a admirá-los. Aprender com eles. Estou aqui como fã. E ainda temos a chance de matar a saudade de tantos amigos"
Marcelo Adnet

"Sempre tive uma relação muito próxima com a turma. Eles são muito criativos. Talvez, eles tenham sido os primeiros a mostrar que não dependemos de televisão e internet para lotar casas de espetáculos. Eles fazem isso, há anos, em cima do palco em primeiro lugar"
Rafinha Bastos

"A primeira vez que assisti a Os Melhores do Mundo eu me apaixonei. Fico impressionado por eles, ainda hoje, manterem essa estrutura de grupo de teatro, de por a mão na massa. E acho que um dos segredos é justamente essa unidade. Um privilégio participar dessa comemoração"
Robson Nunes

"Uma honra e um prazer estar aqui. Esses caras são referência na comédia, no teatro. Já me sentia especial como espectador. Estar no palco, ao lado deles, é muito especial"
Antonio Tabet

"Talvez eu seja quem os conheça há mais tempo, desde 1997. Fui porque minha mãe indicou. Depois, meu pai acabou até colaborando com o grupo. Só eles para reunir tanta gente nessa celebração. Fiquei até tenso de dividir o palco"
Bruno Mazzeo

"Topei o convite de cara. Conheço a galera há muito tempo. Desde a época que eles não eram milionários"
Marcius Melhem

"A primeira vez que os vi tinha umas oito pessoas na plateia. Umas 20, talvez. E já achei genial. E fiquei: ;Quem são esses caras?;. Virei fã. Foram fundamentais na minha formação. A união deles foi algo que sempre me comoveu"
Paulinho Serra

"Essa peça (Hermanoteu) eu vi lá no Canecão, naquela temporada linda. E cá estamos, tantos anos depois. Ou seja, ainda mais especial poder participar desta noite. Temos uma relação de amizade muito bacana e é isso o que vim celebrar"
Diogo Portugal