Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Mais de 80% do acervo do Banco Central é composto por obras de Portinari

Mestre tem 15 obras expostas no museu da instituição

As obras de Cândido Portinari representam hoje, em valor, cerca de 87% do acervo do Banco Central (BC), que é formado por 554 trabalhos. São 15 pinturas realizadas pelo mestre e elas constituem as primeiras obras de arte a serem incorporadas ao patrimônio da instituição, ainda nos anos 1970. Um lote de 12 dessas obras corresponde ao painel Cenas brasileiras, eventualmente exposto durante as exposições promovidas pelo banco. No entanto, o painel mais importante da coleção, Descobrimento do Brasil, não faz parte das exposições e só pode ser visto uma vez por mês. Com mais de cinco metros de altura, ele serve de fundo para as reuniões mais importantes do banco, no Salão Nobre, sala dedicada às reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), e pode ser visitado durante a tarde de hoje.

A enorme pintura é um marco na obra de Portinari e na história da arte do Brasil. É possível ver, nos quase 20 m; de tela, cada uma das cenas emblemáticas da chegada dos portugueses ao Brasil. O painel foi inteiramente restaurado em 2009, assim como as outras obras do artista que integram o acervo, e várias curiosidades rondam a pintura. Portinari teria trabalhado na obra no mesmo ateliê em que pintou Guerra e paz para a Organização das Nações Unidas (ONU). No verso do Descobrimento do Brasil, fez alguns esboços do painel encomendado para a sede do organismo em Nova York. Guerra e paz foi realizado entre 1952 e 1956 e o Descobrimento, entre 1955 e 1956.

O painel que retrata a história do Brasil foi uma encomenda do Banco Português para a sede da instituição. O mecenas Raimundo Castro Maya, colecionador importante de Portinari, intermediou a negociação. Após sucessivas fusões, o painel foi adquirido pelo Banco Halles que, em seu processo de liquidação acabou entregando a obra ao Banco Central em pagamento de dívidas.

[SAIBAMAIS]Além do descobrimento, os visitantes também poderão ver a pintura Os vaqueiros do Nordeste, que integra a exposição temporária Persistência da memória. A obra faz parte de uma série de 12 pinturas intituladas Cenas brasileiras, um conjunto encomendado a Portinari nos anos 1950 por Assis Chateaubriand para decorar a sede reformada da revista O cruzeiro, um projeto de Oscar Niemeyer. ;São obras bem modernistas que retratam os tipos brasileiros;, explica Gisel Carriconde, curadora da exposição. Mineradores, baianas e jangadeiros têm lugar de destaque no olhar de Portinari, cuja obra é intensamente povoada pelo imaginário do povo brasileiro trabalhador.


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