Diversão e Arte

Banda The Beatles chegava ao fim há exatos 45 anos

Quarteto de Liverpool decidiu se separar por conta de divergências entre os integrantes

Diário de Pernambuco
postado em 09/04/2015 11:14

Quarteto de Liverpool decidiu se separar por conta de divergências entre os integrantesJohn Lennon mais lembrava um eremita. O caçula George Harrison, também com barba e cabelos compridos, aparentava ser mais velho que os seus 26 anos. Ringo Starr se assemelhava mais a um empresário que a um baterista de rock. Paul McCartney era o que menos tinha mudado. Em 1970, antes de qualquer mudança física, os quatro beatles estavam diferentes, sobretudo, na maneira de lidar um com o outro. O semblante mais maduro e sisudo (que se opunha a imagem daqueles moços de franja e terno que surgiram na Inglaterra no começo da década anterior ou à psicodelia de Sgt. Peppers e Magical Mystery Tour) refletia o que acontecia dentro da banda. Nos estúdios de Abbey Road, as brigas tornaram-se rotineiras.

A atmosfera de descontração perdeu-se no tempo. Sem a sintonia de outrora, Paul tomou a decisão que abalara o mundo da música: em 10 de abril, há exatos 45 anos, oficializou a cisão do quarteto de Liverpool.

[SAIBAMAIS]O clima de tensão nos Beatles vinha desde 1968, durante as gravações do Álbum Branco. Cada um era mais um músico de apoio do outro que verdadeiramente um parceiro, como antes. Os desentendimentos - por ego e por divergências musicais - estavam escancarados. Desde a época, já começavam a circular boatos sobre uma possível dissolução dos Fab4.

A amizade de Lennon e McCartney não era a mesma. Por querer compor obras mais experimentais e pessoais, influenciado pela esposa e artista plástica Yoko Ono, John tinha aberto mão da liderança do grupo. Paul, que seguia uma linha mais pop e de narrativas menos introspectivas, tinha a banda como uma motivação de vida. Mas também não aguentava tamanha instabilidade. Antes limitado a mero guitarrista, George virou uma força motriz do quarteto com a maturidade crescente nas suas composições - que, não raramente, acabavam eclipsadas pelos dois líderes do grupo. Até Ringo também começou a compor. Assim como Harrison, estava exausto com os conflitos, com os vetos às suas produções e não hesitava em entrar em rota de colisão com os outros membros do conjunto.

Além das desavenças, a presença de Yoko nos estúdios incomodava. A japonesa ganhava voz dentro da banda. McCartney, Starr e Harrison não queriam perder Lennon e tiveram, quase que forçadamente, a aturar a companheira de John nas reuniões, ensaios e gravações. Nesse cenário, a ausência de um elemento conciliador acabou sendo preponderante para o declínio.

Sem o empresário Brian Epstein, morto em 1967, o grupo perdeu o norte. Capitanendo a banda, o advogado norte-americano Allen Klein tornava a relação dos quatro músicos ainda mais difícil. Paul declarava abertamente que queria que Lee Eastman, pai de sua esposa, Linda Eastman, como manager no lugar de Klein. A tensão ia se agravando a cada dia. A banda se exauria. Ninguém trilhava mais no mesmo caminho. Na manhã de 10 de abril de 1970, o jornal britânico Daily Mirror anunciou na capa o fim de tudo: "Paul está desistindo dos Beatles". O sonho, definitivamente, havia acabado.

E depois;

Os quatro beatles trilharam carreira solo e com outras parcerias, permanecendo distantes durante o tempo. Lennon e McCartney chegaram a tocar juntos em 74, em Los Angeles. Seis anos depois, John seria assassinado. Paul, George e Ringo chegaram a se reencontrar nos anos 90 para tocar faixas inacabadas na série Anthology. Em 2001, Harrison morreu de câncer no pulmão. Macca tornou-se o maior nome do show business e voltou a se apresentar esporadicamente com Starr nos anos 2000 - a última vez no Grammy do ano passado.

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