Diversão e Arte

Elisabeth Moss e Jon Hamm, de Mad men, falam da última temporada da série

O seriado idealizado por Matthew Weiner chega ao fim em grande estilo nesta segunda-feira

Diário de Pernambuco
postado em 06/04/2015 09:01
Kiernan Shipka (Sally Draper), January Jones (Betty Francis), Jessica Pare (Megan Draper) e Jon Hamm (Don Draper )
Mad men, nada menos que a primeira série de sucesso do canal norte-americano AMC, antes de se tornar o poderoso responsável por Breaking bad e The walking dead, começa a se despedir. A segunda metade da sétima e última temporada da atração estreia nesta segunda-feira (6/4), às 21h, na HBO Brasil, um dia depois da exibição nos Estados Unidos.

O adeus será em grande estilo: Mad men já é um clássico da televisão norte-americana, com 15 estatuetas do Emmy e quatro do Globo de Ouro. O seriado, idealizado por Matthew Weiner, colocou sob o microcópio uma agência de publicidade na Nova York dos anos 1960, quando a economia ia muito bem, obrigado. Don Draper (Jon Hamm), Peggy (Elisabeth Moss) e Joan (Christina Hendricks) são parte da vida de milhões de telespectadores do mundo e a nostalgia da despedida já é tema de post em redes sociais.

A audiência da estreia dessa temporada de saideira foi de 2,3 milhões de telespectadores, enquanto os episódios do sexto ano foram vistos por uma média de 3,8 milhões de telespectadores. Apesar da queda, a expectativa é que o retorno surpreenda. Os rumores falam em morte, em segundas chances no amor, em final misterioso. O oitavo capítulo tem o título de Severance (em português, rompimento) e é dedicado ao cineasta Mike Nichols, que faleceu em novembro. Na sequência de episódios, já dá para dizer que Don não está em um dos seus melhores momentos.

Por medo de que o final vazasse, na leitura de mesa dos últimos episódios, o roteiro apresentado aos atores era falso. Depois, alguns deles foram chamados à sua sala para saberem o que de fato acontecia com seus personagens. Kevin Rahm, que vive Ted Chaough, um dos sócios da agência, afirmou que até agora não tem ideia de como será o fim. Vai descobrir junto com os telespectadores. Será?

Como Jon Hamm e Elizabeth Moss se sentem sobre;

O começo

Jon Hamm: Foi numa chamada leitura prévia, que significa que você não está atuando para ninguém além do diretor de elenco, que nunca tinha ouvido falar de mim. Foi fora de Nova York, não que eu fosse um grande nome lá; então, foi estranho. Eu era o cara feio sem nenhum projeto em particular, e lembro de pensar que a leitura tinha sido boa. Mas tive de voltar duas ou três para outras audições, reuniões com Matt (Matthew Weiner, criador de Mad men), e envolvidos no piloto. Foi um processo longo até que os convencesse a dar uma chance a esse cara sobre quem ninguém tinha ouvido falar. Sem ficar muito psicológico, acho que Matt reconheceu em mim o sentimento de alguém com muito a provar, mas que ainda não tinha tido a oportunidade. Devo 100% a ele ter conseguido este papel. Ele não apenas escreveu, mas tomou, logo cedo, a decisão de que não aceitaria não como resposta.

Elisabeth Moss: Houve aquele momento perfeito em aquele piloto me foi entregue. Morava em Nova York, mas estava fora, gravando outra série, cujo nome prefiro não mencionar. E todo mundo falava de Mad men. Fiz três testes para Mad men, sempre com a mesma cena. Lembro de sair da audição e ligar para meu agente, que trabalha comigo há 21 anos, e dizer: ;Quero trabalhar com aquele homem;. Era Matt. Tivemos uma conexão imediata. Eu amo o papel e sinto que a Peggy que interpretei naquela audição foi a mesma que ele escreveu. Então, fiquei com ela. E o outro seriado foi cancelado após alguns episódios, então, tudo acabou bem.

Don e Peggy

Jon Hamm: Don não é fundamentalmente o que diz ser. Esse é, provavelmente, seu maior defeito, do qual todo o resto deriva: os vícios, a falta de confiança, a incapacidade de transmitir vulnerabilidade ou a distância emocional. Acho que a base dessa casa é fofa e só há uma maneira de corrigir isso: derrubar a casa e arrumar a base. Mas isso requer muito trabalho, mas Don está, aos poucos, indo nessa direção.

Elisabeth Moss: No piloto, na primeira temporada, ela tem 20 anos e acaba de sair da casa da família, no Brooklyn, sem nunca ter estado em uma cidade grande. Agora ela tem 30, e vem trabalhando com um homem por anos. Ela cresce e, como muitas mulheres na jornada dos 20 ao 30, se torna mais dura em muitas maneiras. Tem o coração partido e tem momentos amargos. Seu humor está muito melhor, mas ela mantém - e espero que mantenha - o senso de honestidade e verdade. Recentemente, me pediram para descrevê-la em uma palavra e disse: séria. Ela realmente acredita em tudo que está dizendo.

Defeitos

Jon Hamm: Ele é um personagem complexo e muitos se identificam. Don não tem preto no branco. Há uma razão para ele sempre usar ternos cinzas; é o mistério do persdonagem que fomos revelando aos poucos nas últimas sete temporadas.

Elisabeth Moss: Ser romântica e acreditar tanto nos outros podem ser considerados defeitos. Sinto que essas características a colocou em situações difíceis, confiando no homem errado. Mas, quem nunca? Isso é algo que a torna única, entende? Esse é um ponto positivo também. É o que faz com que ela não seja Don. Ela poderia facilmente ter se tornado ele, mas não o fez. Por muito tempo as pessoas acreditaram que Don e Peggy eram iguais, e adoro o fato de, recentemente, as pessoas realizarem que ele não são. É maravilhoso como ela conseguiu seguir o caminho inverso e se tornar uma esperança. Ele é meio a história da falência de um homem. E ela é a história da esperança para uma nova geração. Então, as possíveis falhas - o otimismo, a inocência, a seriedade - fazem dela o que ela é. Então, não considero defeitos.

Sucesso

Jon Hamm: Acredito que Mad men apenas ressoou ; foi uma espécie de tempestade perfeita: o projeto, o timing com o lugar onde a cultura estava em 2006, 2007, quando o seriado estreou. Foi um seriado diferente o suficiente para se tornar interessante no cenário da televisão. E também, os temas e histórias parecem familiar, mesmo que sejam ambientadas no passado e a audiência não tenha vivenciado.

Elisabeth Moss: Acho que o que fizemos de melhor em Mad men foi priorizar os roteiros. Nada mais. A história vem primeiro e é por isso que ainda estamos aqui, ainda sendo vistos.

Melhores momentos

Jon Hamm: Minhas cenas com Peggy, eu acho, são as que mais aproximam Don de um tipo relacionamento emocionalmente real, por incrível que pareça. E o que fiz com Slattery e Roger ; dá para ver que há uma amizade real ali e, também, as cenas com a família, e Don e Betty, nas três primeiras temporadas. E, claro, com Sally. Tem sido maravilhoso vê-la crescer no show. Mas a maioria dos meus momentos favoritos em Mad men são com outras pessoas.

Elisabeth Moss: O episódio que foi ao ar há algumas semanas, My way, foi o nosso melhor. Don e Peggy dançam. Matt me contou sobre ele antes de começarmos a filmar. Estava na casa dele e comecei a chorar. Mais tarde, mandei uma mensagem para ele, dizendo que nunca tinha pedido nada nas sete temporadas, mas implorava por isso: ;por favor, vamos gravar essa cena;. Como se ele fosse me ouvir se não quisesse. Eu não iria convencê-lo, mas ele também quis e foi um momento muito especial. Estranhamente, eu e Jon vínhamos dançando, como na cena, desde a primeira temporada. Perguntei a Matt se ele tinha nos visto dançando devargazinho, no meio da agência, sem nenhuma razão, só por estarmos entediados. Ele disse: ;não;. Foi uma louca coincidência porque amo esse momento.

Direção


Jon Hamm: Dirigir definitivamente amplia a visão sobre o que realmente acontece em uma série de TV e essa foi para mim a mais esclarecedora experiência. O ato de dirigir, de sentar no set e decidir para onde a câmera vai, e a escolha de que tomada usar é desafiador porque também estou no elenco. Estive no set e trabalhei com diretores por 15 anos, então, ao mesmo tempo, não é nada novo. Novidade foi a pré-produção e passar por sets que ainda não estavam prontos, enquanto se tenta traçar uma lista de filmagens, olhando para uma tela azul e pensando que aquela parede não deveria estar ali, e qual ângulo as câmeras devem enquadrar.

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