Diversão e Arte

Adirley Queirós explica como a ideia de lugar é um alicerce do seu trabalho

O prestigiado cineasta brasiliense é o diretor do filme "Branco sai, preto fica"

postado em 28/03/2015 15:57

O que conecta uma Ceilândia distópica, devastada por uma guerra sonora, à superfície escaldante do planeta Marte, tal como imaginada por Ray Bradbury? Em As crônicas marcianas, o escritor norte-americano descreve o planeta vermelho em imagens fantásticas de luz e fogo, com habitantes que, por meio de telepatia e hipnose, transformam as recordações dos seres humanos em armadilhas mortais. A memória é o ponto em comum entre o universo de Adirley Queirós e este clássico da ficção científica.

[SAIBAMAIS];Todo o meu cinema é baseado nesse livro;, resume o diretor, em cartaz com Branco sai, preto fica. ;O livro fala da prisão da memória e isso motiva muito os meus filmes. A memória te dá alegria, só através dela você pode existir, mas é a partir de uma transformação dela e da sua destruição em um dado momento que você pode avançar.;

As lembranças do Quarentão (local onde ocorriam os bailes blacks da cidade nos anos 1980) que inspiram Branco sai, preto fica são poderosas. Os personagens, no entanto, lutam contra a imobilização do passado, ainda que seus corpos carreguem as marcas de um episódio de violência policial. O trabalho de resgate da memória de Ceilândia já está nos curtas-metragens do diretor, bem como em seu longa anterior, A cidade é uma só?, que reconta a história de Brasília a partir da ideia de exclusão territorial. Ao mesmo tempo que se dedica à recuperação da memória da periferia, Queirós a desconstrói, assim como faz com o gênero do documentário e da ficção científica em seu filme mais recente.

Goiano, filho de mineiros, Adirley chegou à Ceilândia em 1978. O jogador de futebol que virou cineasta afirma que, até os 29 anos, não tinha interesse algum pelo cinema. ;Eu nem sabia o que era cinema, nem ia a uma sala de cinema, nunca tinha pegado em uma câmera.;

A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação