Eles já completaram oito décadas de vida e 60 anos de carreira. Passaram pela maioria dos movimentos artísticos vividos pela sociedade brasileira nos séculos 20 e 21. Talvez não tenham conhecido o início do modernismo, mas certamente viveram seus momentos finais. Viram o cinema novo, o concretismo, a literatura fantástica, o teatro do oprimido e a abstração tomarem conta dos círculos artísticos. Assistiram à retomada do cinema, à volta da pintura e ao surgimento dos movimentos conceituais. Nunca como espectadores, sempre como atores do processo. O Diversão entrevistou seis artistas que chegam aos 80 anos com intensa produtividade e carregam na bagagem boa parte da história da cultura brasileira das últimas décadas. São referência para a classe artística em vários sentidos: o histórico, o humano, o experimental e também o contemporâneo.
Anna Bella Geiger, Domingos de Oliveira, Ziraldo, Maurício de Sousa, Ferreira Gullar e Isaac Karabtchevsky sempre foram artistas conectados ao seu tempo, fosse ele alguma década do século 20 ou 21. Como diz Ziraldo, talvez esta seja a primeira vez que o Brasil tenha uma lista tão extensa de artistas octogenários que nunca pararam de produzir e nunca se desconectaram de seus tempos.
;Todo mundo se admirou quando a turma do Chico fez 70 anos porque ninguém imaginava que a turma de 70 anos ia chegar abafando. Mas a de 80 também está aí. E, nossa senhora... é uma multidão! É a primeira vez na história do Brasil que a geração de 80 anos chega lá;, garante o cartunista e escritor.
Confira alguns depoimentos dos artistas entrevistados. Aqui, você vai descobrir alguns nomes de artistas jovens que começam a despontar no cenário nacional e que, de certa forma, são herdeiros do patrimônio cultural construídos destes nomes:
Ziraldo, ilustrador e escritor
Para Ziraldo, chegar aos 82 com uma produção intensa é simplesmente normal. Ele lista pelo menos cinco artistas brasileiros na mesma situação. O autor de O menino maluquinho observa com curiosidade que nunca houve, na arte brasileira, uma lista tão extensa de artistas produtivos com idades torno de 80 anos. ;O que temos em comum é que nunca paramos de trabalhar, de produzir;, repara.
Ferreira Gullar, poeta e crítico
O poeta não escreve poesia há cinco anos. Aos 84, anda produtivo na área que o consagrou como um dos mais importantes críticos de arte da segunda metade do século 20. Escreve artigos, ensaios e críticas. A poética, ele pratica nas artes visuais. De uns anos para cá, Ferreira Gullar intensificou a produção de colagens. ;Nunca pensei em ser artista plástico, sempre fui crítico de arte.
Anna Bella Geiger, artista plástica
A produção de Anna Bella Geiger começa nos anos 1950 com as primeiras incursões pela arte abstrata brasileira. Era um momento de descoberta da abstração geométrica. Desde então, Anna Bella sempre esteve conectada com as questões artísticas de sua época, seja com as vanguardas dos anos 1970, com a pintura na década de 1980 ou com as experiências conceituais dos anos 1990.
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