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Cantora e apresentadora Inezita Barroso morre aos 90 anos, diz TV Cultura



Morreu na noite deste domingo (8/3) a cantora e apresentadora Inezita Barroso, aos 90 anos. A informação foi confirmada pelo perfil oficial da TV Cultura. O Hospital Sírio Libanês, onde estava internada, não divulgou a causa da morte.

A paulistana Ignez Magdalena Aranha de Lima, nascida em 4 de março de 1925, veio de uma família aristocrática e peitou a sociedade conservadora para tornar-se artista. O choque foi ainda maior por ela ter entrado no universo caipira, tradicionalmente habitado por homens. Inezita cantava lindamente, tocava a viola com propriedade e dedicou-se também a estudar a música de raiz.

Nascida no bairro paulistano da Barra Funda, Inezita, que também foi atriz e professora, começou os estudos de violão e piano ainda na infância. A carreira profissional, contudo, só veio a ganhar força na década de 1950, quando ela se apresentou em um recital no Teatro Santa Isabel, em Recife, e acabou sendo contratada pela Rádio Clube, na capital pernambucana.

A dedicação de Inezita à música caipira de raiz extrapolou os meios de comunicação de massa e chegou às salas de aula. A artista ministrou vários cursos e palestras sobre o folclore brasileiro ao longo de sua trajetória, além de ter sido professora de história da música popular em duas universidades em São Paulo.

A carreira de atriz rendeu convites para que Inezita participasse de sete longas-metragens. Por Mulher de verdade, de 1954, ganhou o Prêmio Saci, uma importante honraria da época. Ela participou também de Carnaval em lá maior (1955) e Desejo violento (1978). Os prêmios, inclusive, vieram aos montes na carreira de Inezita: são pelo menos 200, entre eles um Prêmio Sharp de Música, como melhor cantora regional, e um Prêmio Roquete Pinto, como melhor cantora de rádio. Ela gravou 80 discos ao longo dos anos.

Viola, minha viola
Para as novas gerações, Inezita Barroso tornou-se conhecida, sobretudo, por comandar o programa Viola, minha viola, da TV Cultura. Exibida ininterruptamente há 35 anos pela emissora, a atração é um dos últimos representantes da música caipira de raiz nos meios de comunicação de massa, sobretudo na televisão.

Folias de reis, reisados, batuques, catiras e cururus: há espaço para todos os gêneros no Viola, minha viola, apresentado nas manhãs de domingo com a voz marcante e o sotaque inigualável de Inezita. A cantora também dava suas palinhas por entre os convidados, de Pena Branca e Xavantinho a Chitãozinho & Xororó.

A carreira dela na tevê, entretanto, é ainda mais longa. Foi a primeira cantora contratada da TV Record, e também protagonizou programas nas TVs Tupi do Rio e de São Paulo, além de emissoras de estados como Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Pará, Amazonas, Maranhão e Minas Gerais.

O trabalho de Inezita é tão reverenciado pelos apreciadores da música de raiz que a artista foi enredo de pelos menos cinco escolas de samba paulistas. Violeira de mão cheia, ela se apresentou ao lado de orquestras regidas por nomes como Radamés Gnatalli, Guerra Peixe e Hervê Cordovil.

7 anos
Idade na qual a artista começou a estudar violão.

80
Número de discos gravados por Inezita Barroso.

900
Número de músicas gravadas pela cantora.

1,5 mil
Programas Viola, minha viola gravados