Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Tendência das trilhas sonoras de novelas é apostar em clássicos

Império, Alto astral, Boogie oogie e Vitória tem regravações em suas aberturas

Houve um tempo em que fazer parte da trilha sonora de uma novela era considerado motivo de consagração para um artista. Muitos até chegavam a escrever faixas especialmente para as tramas e viam seus hits saírem da telinha direto para integrar a história da música brasileira. É o caso de nomes como Roupa Nova ; o grupo recordista com mais de 30 faixas em programa televisivos ; Djavan e Ana Carolina. No entanto, esse mercado passou por uma reformulação. A atual tendência dos folhetins é apostar em regravações de clássicos ou, no máximo, em canções que fazem sucesso nas paradas.

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Alguns fatores podem ser considerados essenciais para essa mudança. Um deles é a recente crise da indústria fonográfica. De 1960 a 1980, as trilhas sonoras viveram um período de auge, em que os discos que reuniam as faixas que embalavam as tramas vendiam bem e eram responsáveis pela repercussão dos artistas daquela época.

Outro ponto é o receio em arriscar. As canções mais recentes das tramas são faixas bem cotadas nas paradas, como Hoje, da funkeira Ludmilla, que foi escolhida para a trilha de Império somente após cair de vez na boca do público e atingir milhões de visualizações no YouTube.

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Das tramas atualmente no ar na tevê aberta, quatro delas têm músicas que foram lançadas em outras décadas na trilha sonora. Na Rede Record é a voz do falecido Raul Seixas, que embala a abertura de Vitória, na canção Tente outra vez, de 1975. A representação musical dos personagens ainda tem Sensível demais (1998), na versão de Jorge Vercillo, e Toda forma de poder, do disco Longe demais das capitais (1986) do grupo Engenheiros do Hawaii.

Mudança

Essa tendência pode ser percebida também nas novelas globais. As três que estão no ar têm na entrada músicas antigas. Em Império, Lucy in the sky with diamonds, originalmente dos Beatles, é tocada na voz do cantor Dan Torres, que participou da penúltima temporada do reality show musical Fama. A novela ainda tem clássicos interpretados por Frejat (Homem não chora), Os Paralamas do Sucesso (Aonde quer que eu vá), Paulinho Moska (Enrosca) e Angela Ro Ro (Simples carinho). A novela ainda tem uma versão de Alex Cohen para Dona, faixa do grupo Roupa Nova, que foi trilha da viúva Porcina (Regina Duarte), em Roque Santeiro (1985).

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O mesmo acontece em Alto astral que repete Alma, de Zélia Duncan. Esta é a terceira vez que a canção integra a trilha sonora de uma novela. O hit de 2001 esteve em Caminho das Índias (2009) e O clone (2001). Em Boogie oogie é That;s the way I like It, de KC & The Sunshine Band, lançado em 1990, que abre a trama. O folhetim das 18h é o único que tem uma justificativa para a opção de faixas antigas: a história se passa em 1970 e aproveita o boom do tempo das discotecas.

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