O Brasil é um país de diversidade e misturas, traduzidas em cores, climas e sons, seja o dos sotaques seja da música que se faz em cada canto. A música brasileira, aliás, é reconhecida no mundo pela capacidade de reinvenção e por mesclar o clássico ao popular. Assim, surgiram as orquestras que apresentam a música afro-brasileira, o frevo, o som da zabumba e do tamborim. Algumas delas trarão a Brasília o tempero dessa mistura ao Encontro Nacional de Orquestras Populares, em homenagem a maior festa do país, o carnaval.
Fruto de uma releitura de estilos musicais, o ritmo e as performances se guiam, sobretudo, por repertórios expressivos na linguagem sonora e instrumental. O maestro Fabiano Medeiros, do grupo Marafreboi (DF), é o curador do encontro e observa que não há muita diferença entre reger uma orquestra popular e uma erudita. ;Obviamente que o maestro estudou o repertório da música erudita. Ele se aprimora dentro da música do universo erudito e vai trabalhar na formação da orquestra popular;, explica.
Para o maestro, a formação das orquestras populares, no entanto, não tem obrigação de ter uma base erudita, mesmo que se estude os repertórios clássicos. ;A orquestra popular faz releituras, inclusive da música com formação instrumental genuinamente erudita ; com violino, violoncelo ;, mas está mais encaminhada para outros ritmos e instrumentos, por exemplo. Não que não possa ter formação erudita, mas não tem a obrigação de ser.;
A miscelânea de sons e referências culturais deu visibilidade às orquestras populares brasileiras dentro e fora do país. Para o maestro Letieres Leite, da Orquestra Rumpilezz, da Bahia, a música instrumental dos grupos populares tem ganhado cada vez mais projeção e encontros, como o que acontecerá em Brasília, servem para fortalecer ainda mais a identidade dos grupos.
Conheça as orquestras:
ORQUESTRA RUMPILEZZ (BA)
Criada em 2006 pelo instrumentista Letieres Leite, a Rumpilezz é influenciada pelo jazz. Suas composições, com raízes rítmicas afrobaianas, têm como referência histórico-musical o Ilê Aiyê e o Olodum, Sambas do Recôncavo e o culto sagrado do Candomblé. Com quatro músicos na percussão, 14 no sopro e um alabê, nos concertos da Orkestra Rumpilezz já participaram artistas como Lenine, Ed Motta, Nivaldo Ornelas, Móveis Coloniais de Acajú, Max de Castro, a Orquestra Sinfônica da Bahia (OSBA), entre outros.
Em 2011, o grupo abriu o Festival Rock in Rio, que abriu as portas para apresentações na Bélgica, Holanda e Áustria, em sua primeira turnê internacional, com o festival Europália. Entre as principais premiações, o Prêmio da Música Brasileira, como Grupo Instrumental e Revelação, em 2010; o Prêmio Bravo, com Melhor CD Popular; Prêmio O Globo, com Melhores da Música, em 2010; Melhores do Ano, pelo Jornal O Estado de São Paulo, com Melhor Disco, além de outros.
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ORQUESTRA CONTEMPORÂNEA DE OLINDA (PE)
Desde 2008 na estrada, idealizada pelo percussionista Gilú Amaral, já no primeiro ano, lançou o primeiro álbum, O Orquestra Contemporânea de Olinda. Na ocasião, a turnê de lançamento recebeu menção do jornal O Globo, como Melhor Show do Ano, além das indicações ao Prêmio da Música Brasileira (2009) e ao Grammy Latino (2010). Ganharam, também, meia página do The New York Times pela apresentação feita no Lincoln Center (NY), em 2010, na primeira turnê pelos EUA.
Em 2012, foi lançado o segundo disco, "Para Ficar", com direção musical de Arto Lindsay e, em 2013, lançaram a quarta turnê internacional, com passagem pela Womex, a mais expressiva convenção de música do mundo. A orquestra é composta por dez músicos e tem como marca duas das maiores escolas de referência da música pernambucana, a percussão e o sopro, ainda com microkorg, baixo, guitarra, rabeca e um duo de vozes masculinas.
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SPOKFREVO ORQUESTRA (PE)
O frevo tradicional, ao som da SpokFrevo Orquestra, ganha uma pegada jazzística e tons contemporâneos. A banda, formada em 2003, tem 17 músicos e está sob a batuta de Inaldo Cavalcante de Albuquerque, maestro Spok, saxofonista, arranjador e diretor musical. O primeiro disco, Passo de Anjo, foi lançado em 2004, com clássicos do gênero e composições recentes do frevo. O trabalho foi eleito pelo jornal O Estado de São Paulo como um dos três melhores lançamentos daquele ano.
O disco ganhou relançamento em 2006, com DVD e CD ao vivo, no ano seguinte. Em 2009, conquistou o Prêmio da Música Brasileira, como melhor disco instrumental do ano, enquanto a orquestra venceu como melhor grupo, na categoria instrumental. Após apresentações em palcos memoráveis, como no Cascavel Jazz Festival, no TIM Festival (Rio de Janeiro e São Paulo), ou na cerimônia de encerramento dos Jogos Panamericanos, no Rio de Janeiro, o grupo realizou a primeira turnê europeia, em 2008. Já esteve em 15 países da Europa, Ásia e África e participou de concertos em palcos como New Morning, Roskilde, Montreux, Barbican, Pori Jazz, Womex, entre outros. O segundo álbum, projeto contemplado na seleção pública do Petrobras Cultural, foi intitulado Ninho de Vespas e traduz uma complexa comunhão de gêneros musicais brasileiros.
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ORQUESTRA VOADORA (RJ)
Desde 2008 a Orquestra Voadora, Brass Band, inova nos arranjos de clássicos da música popular brasileira e mundial. A orquestra contagia desde os moradores de rua do Rio de Janeiros aos mais exigentes públicos internacionais, como França, Portugal, Espanha, Inglaterra, Bélgica e Colômbia, passando por São Paulo, Belo Horizonte, Vitória, Recife e outras cidades do Brasil.
O primeiro disco, conhecido como Ferro Velho, tem referências nas próprias raízes dos músicos, é um olhar sobre as ruas. No repertório da orquestra, o groove ganha espaço, com a mistura de ritmos. No último carnaval, foram acompanhados por mais de 100 mil foliões, no desfile pelo Aterro do Flamengo. Com 15 integrantes, o som da banda ecoa pelos trompetes, trombones, o sax barítono, pela tuba e percussão.
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Encontro Nacional de Orquestras Populares
De 6 a 8 de fevereiro, às 21h (dia 6) e 15h (dias 7 e 8). Centro Cultural Banco do Brasil. Entrada franca. Classificação Indicativa Livre
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