Materiais como câmaras de pneus, palitos de dente, carcaças eletrônicos, armas, doces e, até mesmo, lixo podem suscitar poesia e levar às mais diversas experiências quando transformadas em obras de arte. É o que os trabalhos de artistas de diferentes gerações e nacionalidades mostram na exposição Ciclo ; criar com o que temos, que abre amanhã no CCBB. São obras antológicas ; confeccionadas com técnicas inusitadas, mescladas e ousadas ; que estabelecem ponte entre o momento fundador da arte contemporânea, marcado pelo surgimento dos primeiros ready-made de Marcel Duchamp, e a fértil reinvenção da arte nos dias de hoje. A mostra já passou por São Paulo e Belo Horizonte.
De acordo com o curador Marcello Dantas, a exposição exigiu dois anos de intensa pesquisa no trabalho de combinar artistas renomados ; como o chinês Song Dong e o italiano Michelangelo Pistoletto ; aqueles cuja carreira está em ascensão. ;A cultura do excesso é a base dessa exposição. Então, fomos buscar artistas que trabalharam com o signo do excesso, por todos os lados. Ciclo é uma exposição pensada para esses artistas, que estavam criando coisas, de uma forma totalmente desconectada, em mostras do mundo inteiro, onde se criou uma poética do excesso. Busquei gente de todos os lados: Joana Vasconcelos, de Portugal; Julia Castagno, do Uruguai; Song Dong e a sua cidade comestível, na China, por exemplo. São pessoas de diferentes cidades do mundo que expressam uma inquietação dessa característica da sociedade;, explica.
As 16 grandes instalações e esculturas, que serão espalhadas pelo CCBB, incluem a impactante intervenção de autoria do alemão Michael Sailstorfer, feita a partir de câmaras de pneu entrelaçadas, e o enorme autorretrato do canadense Douglas Coupland intitulado Cabeça de chiclete, sobre o qual os visitantes serão orientados a colar chicletes mascados. ;A exposição tem traços que vão se adaptando e eu acho que se comunica muito bem com o público, em geral, além de abrir uma porta para as pessoas se envolverem com um conteúdo que elas não identificavam como arte;, ressalta o curador.
Em Brasília, a novidade, em relação ao que foi exposto em São Paulo e Belo Horizonte, é a obra de dimensões urbanas de Michellangelo Pistoletto. A instalação, de 90 metros, poderá ser vista por quem sobrevoar a cidade. ;É uma obra que só existe aqui em Brasília, por causa das dimensões da cidade. Vai ser feita com a própria vegetação local e será montada no gramado externo do CCBB;, descreve Marcello.
Ciclo ; Criar com o que temos
Centro Cultural Banco do Brasil ; Brasília. De 4 de fevereiro a 20 de abril, de quarta a segunda, das 9h às 21h. Performance do artista Song Dong: 7 de fevereiro, às 10h. Entrada Franca. Classificação indicativa livre.
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